Pesquisa no litoral gaúcho é modelo para o mundo
2007-02-22
Pesquisadores da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), acompanhados por cientistas americanos da Florida State University, estudam o movimento das águas nos subterrâneos do Litoral Sul.
O objetivo do estudo, coordenado pelo Laboratório de Hidroquímica da universidade, com recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), é saber como esse vaivém de águas afeta a produção pesqueira da região. A pesquisa vai analisar as águas que circulam pelo lençol freático, desde o Oceano Atlântico até as lagoas Mirim e Mangueira.
Em períodos de chuva intensa, as águas continentais subterrâneas afloram na região costeira e levam nutrientes. A conseqüência principal é o aumento da população de peixes. No verão, época de estiagem, quando o nível das lagoas está baixo, pode ocorrer o contrário, a penetração das águas do oceano no continente, a chamada intrusão salina.
Segundo o professor Felipe Niencheski, coordenador do projeto, a idéia é determinar como é o transporte desses elementos químicos e se eles são modificados no subterrâneo, na zona de mistura de águas doce e salgada. A informação é essencial para o gerenciamento de zonas costeiras.
- A pesquisa também ampliará o conhecimento sobre descarga e fluxos da água subterrânea submarina para um ambiente onde o seu papel é desconhecido - acrescenta.
Para a análise das águas superficiais das lagoas, do Atlântico e de poços em fazendas ou casas da região uma equipe observa a restinga que separa a Lagoa Mangueira do oceano. Na faixa de terra, perfuram poços para verificar a salinidade e a qualidade da água.
Outro grupo atua em pontos específicos, como o balneário do Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, e analisa as águas na orla marítima a cada 24 horas. Em um barco inflável, ancorado próximo à costa, a poucos metros da zona de arrebentação, um equipamento avalia em tempo real o movimento da água de baixo para cima.O estudo servirá como referência para todas as regiões do mundo onde existam lagoas costeiras. Isso representa 12% das costas oceânicas mundiais.
(Zero Hora, 22/02/2007)
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