Apesar de algumas resistências, governo suíço quer manter opção pelo nuclear
emissões de co2
2007-02-22
O governo suíço manifestou-se quarta-feira (21/02) a favor de manter a opção nuclear como parte da sua política energética, apesar das reticências expressas por alguns partidos de esquerda e organizações ecologistas. Depois da sua reunião de quarta-feira na capital, Berna, o Governo helvético decidiu dar nova orientação à sua política energética para enfrentar « a penúria da energia que se espera», indicou num comunicado de imprensa.
A estratégia desenhada por Berna «repousa em três pilares: a eficácia energética, as energias renováveis e as grandes centrais eléctricas», assinalaram as autoridades helvéticas, que como «solução transitória» prevêem construir centrais de gás de ciclo combinado, que «devem compensar por completo as suas emissões de CO2» (dióxido de carbono).
Assim, decidiram que as centrais nucleares existentes no país «sejam renovadas ou completadas com novas construções» e, para isso, o Ministério dos Transportes, Meio Ambiente e Energia elaborará, antes do final de 2007, um plano de acção para aumentar a eficiência energética e a promoção de energias renováveis na Suíça.
Manter a opção nuclear é «necessário», sustentou o Governo Helvético, considerando que o recurso a tecnologias tradicionais é indispensável para superar o défice em electricidade previsível para depois de 2020.
No seu comunicado, Berna indica que as perspectivas energéticas para 2035 elaboradas pelo Gabinete Federal da Energia (OFEN) mostram que, perante o crescimento do consumo «as medidas adoptadas até agora não são suficientes para garantir a médio e longo prazo a segurança no abastecimento energético» para o país.
Salienta, a propósito, que sobre o petróleo e o gás «a segurança no abastecimento é incerta, dada a dependência do exterior e os recursos limitados dos combustíveis fósseis».
Por isso, decidiu que a Suíça reforçará a colaboração internacional, em particular com a União Europeia (UE).
Depois da decisão governamental, as críticas de alguns partidos de esquerda e das organizações ecologistas não se fizeram esperar: os Verdes qualificaram-na de «errada» e «em contradição com uma política energética duradoura».
A organização ecologista Greenpeace Suiza criticou também Berna afirmando que, ao manter as centrais nucleares, o Governo suíço «prossegue uma política de esbanjamento energético que é responsável pelo alteração climática».
Por seu lado, os Partidos Socialista (PS) e Radical (PR), presentes no Governo, deram o seu apoio e manifestaram satisfação por ter sido dada prioridade às energias renováveis, embora os radicais tenham anunciado estar contra a criação de centrais de gás de ciclo combinado.
(Diário Digital / Lusa, 22/02/2007)
http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?section_id=20&id_news=77864