Espírito Santo já sofre com falta de água, afirmam ambientalistas
2007-02-22
Em vinte anos, faltará água para 60% do mundo. No Espírito Santo, não é preciso esperar tanto tempo. A falta d'água já é uma realidade e a previsão de ambientalistas é que a situação se torne ainda pior se nada for feito a tempo. Faltam integração entre os órgãos, consciência da população e indústrias, fiscalização e principalmente consciência de que a situação é crítica e requer medidas urgentes.
Atualmente, os sistemas de abastecimento através do rio Jucu e Santa Maria, segundo ambientalistas, são constantemente interrompidos devido à poluição dos rios, por estarem barrentos, por vazamentos de empresas, entre outros. Esses rios são responsáveis por abastecer a Grande Vitória, e se prevê que, com o crescimento da população da região para 4 milhões em alguns anos, o abastecimento se tornará cada vez mais escasso. Cinquenta por cento da produção do rio Jucu já é captado para o abastecimento humano e de indústrias.
O município de Vila Velha, é um exemplo da escassez de água. Lá, já não há mais como crescer industrialmente porque a água é insuficiente para isso.
O município da Serra também sofre. A falta de água causada pela degradação dos rios obriga o município, que antes retirava seu abastecimento do Rio Santa Maria a retirar, atualmente, a água do rio Reis Magos para o seu abastecimento.
Ainda assim, para 2007 estão previstos R$ 300 milhões em investimentos no setor de geração e distribuição de energia. Estão previstas ainda, construção de cerca de 11 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), que estão em processo de licenciamento ou em fase de instalação. Com isso, cresce a preocupação dos ambientalistas.
Já no setor da preservação dos recursos hídricos, fora a mobilização dos Comitês de Bacias Hidrográgicas (CBH), ainda recentes, pouco vem sendo feito de efetivo para conter a destruição dos meios hídricos no Estado e combater a falta de água no futuro.
Segundo os dados da ONU, a irrigação dos cultivos agrícolas responde por mais de dois terços de toda a água retirada de lagos, rios e reservatórios subterrâneos em todo o mundo. Esses agricultores também deverão enfrentar no futuro problemas graves com a estiagem sistemática e a crescente competição por água.
Para o ambientalista Eduardo Pignaton, da Associação Barrense de Canoagem, a falta de integração entre os órgãos dão margem a um dos piores danos para o meio ambiente. São necessários fiscalização e projetos de recuperação dos rios, além é claro, da participação dos CBHs no que diz respeitos a empreendimentos envolvendo a exploração dos recursos hídricos no Estado.
Além de problemas com a fauna dos rios, as PCH construídas de forma descontrolada causam assoreamento e prejudicam o abastecimento das comunidades ribeirinhas.
(Por Flávia Bernardes, Século Diário - ES, 21/02/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/fevereiro/21/noticiario/meio_ambiente/21_02_09.asp