Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão analisando matérias-primas alternativas para a produção de biodiesel, apontado como um substituto eficiente de combustíveis fósseis. No ano passado, o Laboratório de Controle de Processos (LCP) abriu uma nova linha de pesquisa, que tem como objetivo obter o biocombustível a partir de fontes como a gordura animal descartada pela indústria frigorífica e os óleos utilizados por famílias e restaurantes para fritura de alimentos.
De acordo com um dos coordenadores do projeto, professor Marintho Bastos Quadri, a iniciativa de pesquisar essas duas matérias-primas está ligada às características econômicas de Santa Catarina. “Focamos nessas duas fontes porque seriam ideais para a produção de biodiesel do Estado, que produz quantidades apreciáveis de resíduos graxos provenientes da preparação de alimentos e principalmente de várias indústrias do setor frigorífico", afirma.
O biodiesel tem se mostrado uma alternativa energética eficiente ao diesel, principal combustível consumido pelo Brasil - cerca de 40 bilhões de litros por ano. "Com a substituição do combustível fóssil, há uma redução significativa na emissão de gases poluentes, o que viria a amenizar os danos ao meio ambiente e à atmosfera do planeta", explica o doutorando Rafael Dias, que participa da pesquisa. Além disso, a utilização de biodiesel diminuiria a dependência externa do Brasil, que importa cerca de 20% do diesel consumido.
Tantas vantagens têm feito com que o governo brasileiro incentive a produção de biocombustíveis. Em 2005, o Congresso Nacional aprovou a lei 11.097, que torna obrigatória, a partir do próximo ano, a adição de 2% de biodiesel ao óleo diesel vendido no país. Em 2013, esse percentual deverá chegar a 5%, o que exigiria uma produção interna de mais de 2 bilhões de litros de biodiesel por ano. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), atualmente são produzidos no Brasil cerca de 650 milhões de litros/ano.
Pesquisa
Os pesquisadores do LCP ressaltam que para aumentar a produção de biocombustível não basta apenas encontrar outras matérias-primas. É preciso tornar a produção sustentável, tanto no aspecto econômico quanto no ambiental, e, ao mesmo tempo, bem amparada por fundamentos técnicos e científicos. Para isso, a equipe do Laboratório se dedica agora ao aperfeiçoamento de um processo para obtenção do biodiesel, que inclui a retirada de impurezas presentes no produto final.
Esse trabalho envolve três estudantes de doutorado – Rafael Dias, Melissa Lobato e Adriana Costa - e uma de graduação – Ana Carolina Prado - , além de dois professores – Marintho Quadri e o coordenador do LCP, Ricardo Machado, ambos do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos (EQA) da UFSC.
(PorDébora Horn,
Núcleo de Comunicação do Centro Tecnológico da UFSC, 21/02/2007)