Taxar gases do efeito estufa pode controlar o aquecimento
2007-02-22
Mais de cem líderes empresariais, ONGs e especialistas estabeleceram na terça-feira (20/02), um plano destinado a reduzir as emissões de gases do efeito estufa, pedindo aos governos que ajam urgentemente contra o aquecimento global.
"Não agir agora levaria a custos econômicos e ambientais bem mais elevados e a um maior risco de impactos irreversíveis", disse nota em nome da Mesa-Redonda Global sobre a Mudança Climática, anunciando sua primeira decisão importante desde a criação desse fórum, em 2004.
O grupo, que inclui executivos de setores como transporte aéreo, energia e tecnologia, pediu aos governos que estabeleçam preços para as emissões de carbono por usinas, fábricas e outros meios, o que levaria à redução das emissões de gases do efeito estufa.
"É claro que lidar com o aquecimento global envolve riscos e custos. Mas muito maior é o risco de não agir", disse Alain Belda, presidente e executivo-chefe da Alcoa, maior siderúrgica mundial, e um dos signatários. Representantes da General Electric, Ford, Toyota, Goldman Sachs e Wal-Mart também participam do grupo.
O governo norte-americano rejeita limites obrigatórios às emissões de dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa, mas recentemente a Casa Branca passou à defensiva, especialmente desde a divulgação, no dia 2, de um relatório patrocinado pela ONU que estimou em 90% a possibilidade de que a atividade humana seja a principal causa do aquecimento global.
A concentração de dióxido de carbono na atmosfera atual é cerca de 30% superior à de 1900 e, segundo o grupo, ainda pode atingir o triplo daquele valor caso as atividades poluidoras sejam mantidas normalmente.
O grupo estima que seria necessário gastar cerca de 1% do PIB mundial para evitar que o carbono continue se acumulando nesse ritmo na atmosfera, mas que os custos cairiam conforme a tecnologia para isso se consolidasse.
"Se adiarmos demais o início da mudança para sistemas energéticos cada vez mais não emissores de carbono, os gastos futuros só vão aumentar, e o impacto da mudança climática só vai se tornar mais severo", escreveu o grupo em seu documento, alertando que os países mais pobres serão os mais afetados pelas mudanças climáticas.
(Reuters, 20/02/2007)
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