Morales toma medidas para enfrentar inundações na Amazônia boliviana
2007-02-22
O presidente da Bolívia, Evo Morales, determinou ontem (21/02) que vários de seus ministros viajem para a região amazônica de Beni, atingida por enchentes, para coordenarem as operações de resgate e ordenou que todos os Governos departamentais (estaduais) usem seus recursos para enfrentar o fenômeno climático "El Niño".
O porta-voz presidencial, Alex Contreras, afirmou que estas duas determinações foram tomadas pelo Governo para atenuar os efeitos das inundações que, em todo o país, deixam até agora 35 mortos, seis desaparecidos e cerca de 350 mil desabrigados.
As autoridades continuam procurando seis pessoas desaparecidas em diferentes regiões, após terem encontrado outras quatro no fim de semana, no departamento de Santa Cruz.
Morales e seu gabinete decidiram criar um Centro de Operações de Emergência (COE) especial, formado por cinco ministros e representantes das Forças Armadas e da Polícia, que irão até Beni para coordenar o auxílio aos desabrigados nesta região.
Nos últimos dias, as cheias dos rios que chegam a Beni atingiram aproximadamente 86 mil pessoas, das quais oito mil vivem na capital do departamento, Trinidad, enquanto outra grande parte reside nos arredores da cidade e nos portos fluviais da região.
A Federação de Criadores de Gado de Beni calculou que, até o momento, 11 mil cabeças de gado morreram afogadas e alertou para os riscos que outro milhão corre, o que representa a sexta parte do total de reses que a Bolívia possui.
O governador de Beni, Ernesto Suárez, disse que sua região, que tem 415 mil habitantes, vive "uma emergência muito preocupante" que pode escapar do controle do Governo local, pois as remessas de alimentos que chegaram na última semana não foram suficientes.
O outro departamento com graves problemas de inundação é Santa Cruz, região mais rica do país, que está quase incomunicável por causa da interrupção da principal rodovia que parte da região em direção ao ocidente, embora ainda esteja em contato com o resto do país por uma estrada antiga e precária.
Em Santa Cruz, a quantidade de desabrigados é estimada em 85 mil, em Potosí é de quase de 50 mil, em La Paz de quase 43 mil, e em Cochabamba de 37 mil.
Os ministros da Defesa, Walker San Miguel, da Saúde, Nila Heredia, do Desenvolvimento Rural, Susana Rivero, das Águas, Abel Mamani, e de Obras Públicas, Jerjes Mercado, viajarão nas próximas horas para Trinidad e ficarão lá por quantos dias for necessário.
A equipe, segundo Contreras, tem o objetivo de coordenar "ações conjuntas e não isoladas" com o Governo do departamento e de outras organizações civis para atender às vítimas do desastre com o fornecimento de alimentos, água potável, remédios e o reparo de estradas.
Além disso, Morales assinou um decreto que autoriza os Governos departamentais a gastarem 1% das arrecadações correntes e do imposto direto de hidrocarbonetos (IDH) para o imediato atendimento dos desastres.
O diretor de Auxílio e Emergências da Defesa Civil, general Gonzalo Lora, alertou hoje para o fato de que o departamento de Pando, até agora o único livre de inundações, poder sofrer nos próximos dias problemas parecidos com os de Beni.
Além das inundações na maior parte do país, a região do planalto boliviano foi atingida por geadas, chuvas de granizo e seca, também por causa do fenômeno "El Niño".
O Governo calcula que, por causa deste fenômeno, foram destruídos entre 80 mil e 100 mil hectares de cultivos, embora ainda não haja estimativas sobre o valor econômico dos prejuízos.
No entanto, a Federação de Criadores de Gado de Beni calcula que os prejuízos do setor alcancem US$ 15 milhões até agora.
A Bolívia recebeu ajuda em mantimentos de países como Estados Unidos, Espanha, Itália, Argentina e Venezuela, além de assistência médica de Cuba e de entidades internacionais como o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
O Governo socialista agradeceu a ajuda externa obtida até agora, mas a considerou "insuficiente" para a magnitude dos danos causados pelo "El Niño" desde dezembro.
(EFE, 21/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/02/21/ult1808u86117.jhtm