MP investiga comando da Fepam
2007-02-21
A mortandade de peixes no Rio dos Sinos, maior desastre ecológico do manancial nos últimos 40 anos, vem perdendo destaque para a troca de acusações entre o ex-diretor técnico da Fepam Jackson Müller e o atual presidente da fundação, Renato Breunig. Ambos teriam proximidade com a empresa apontada como a principal causadora da mortandade de peixes do rio. Breunig teria descoberto uma troca de e-mails entre Müller e o responsável pela empresa, que está foragido, tratando de um suposto patrocínio de viagem à Alemanha. Um dossiê relatando os fatos foi encaminhado ao Ministério Público (MP), que também deverá apurar as denúncias de Müller de que o atual presidente da Fepam teria trabalhado como advogado até fevereiro para a mesma empresa.
A crise na Fepam deverá ser um dos assuntos prioritários que a governadora Yeda Crusius tratará no retorno do Carnaval. Ela se reunirá com a titular da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Vera Callegaro, e o chefe da Casa Civil, Luiz Fernando Záchia, buscando discutir o assunto.
Müller, afastado na última sexta-feira do cargo que ocupava havia 11 meses, anunciou que vai tornar públicos os e-mails que trocou com o presidente da empresa acusada. Dessa forma, avaliou o biólogo, será restabelecida toda a sua trajetória à frente da questão ambiental e a forma como deixou o cargo. 'Sou servidor público concursado e o procedimento adotado pela atual presidência da Fepam, caso não tivesse mais confiança no meu trabalho, seria o de instaurar sindicância e me afastar da função, mas nunca me ameaçar', afirmou.
Breunig justificou a medida dizendo que Müller não tem perfil para o cargo. 'É uma pessoa de campo. A descoberta da aproximação com o responsável pela empresa não foi determinante, até porque não sabemos se as suspeitas se confirmarão.' O ex-diretor técnico da Fepam disse que realmente recebeu o convite para ir a um evento na Alemanha: 'Seria uma viagem de caráter técnico-científico e o Estado só autoriza em caso de não ter custos, mas abri mão'.
Reforçou que até 16 de outubro não existia nada que desabonasse a conduta do dono da empresa tida como principal poluidora. 'Parei de me comunicar com ele quando tomei conhecimento dos fatos. Investiguei as irregularidades e a Justiça decretou a prisão preventiva a partir do meu trabalho', justificou Müller.
Breunig disse que atuou na área tributária da empresa, mas somente numa causa em 2001.
(Correio do Povo, 21/02/2007)
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