Trabalho se reduz na unidade da Ilha dos Marinheiros
2007-02-21
As 22 famílias de recicladores da Unidade de Triagem da Ilha Grande dos Marinheiros aguardam com ansiedade o fim da temporada de veraneio. O motivo é a queda na geração de resíduos recicláveis em Porto Alegre entre dezembro e fevereiro. Nos meses de outono, inverno e primavera a reciclagem envolve 20 toneladas/mês. 'No verão, o volume mensal fica entre 10 e 15 toneladas', informou o vice-presidente da unidade, Gineo Jumier Silva. Com isso, cai também a remuneração dos recicladores, que arrecadam em média o valor correspondente a um salário mínimo nacional.
O espaço, vinculado ao Programa de Reciclagem da Capital, tem atraído a atenção dos moradores da Ilha Grande dos Marinheiros. Há pelo menos 40 famílias cadastradas aguardando em lista de espera por uma chance de trabalhar na unidade. 'Não adianta abrirmos espaço para todos e reduzir os ganhos do pessoal que trabalha conosco', comentou Silva. Os recicladores têm apoio diário do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e, por isso, não deixam de trabalhar nem no feriadão de Carnaval.
Apesar do profissionalismo, as famílias ainda não encontraram uma fórmula que possibilite a venda direta dos produtos reciclados. 'As indústrias compram cargas fechadas a cada 30 dias e, como não temos capital de giro, precisamos efetuar a venda semanalmente.' Apenas as latinhas são armazenadas por mês e negociadas diretamente com a Gerdau Riograndense, em Sapucaia do Sul. As garrafas PET são repassadas a intermediários por R$ 750,00 o lote de uma tonelada - R$ 450,00 abaixo do valor pago pela indústria. Os recicladores que retiram o sustento através da unidade garantem que, se tivessem recursos em caixa, comprariam o material coletado pelos carroceiros residentes na ilha para incrementar a reciclagem e a renda.
(Correio do Povo, 21/02/2007)
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