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2007-02-20
Apesar de o Serviço de Emergência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) considerar que não há indícios de uma mortandade, ontem (19/02) à tarde apareceram mais peixes mortos no Rio do Sinos. Os animais eram vistos boiando nas margens em São Leopoldo.

O técnico José Ricardo Samberg explica que a chuva que caiu na região na madrugada de sábado pode ter levado para o Sinos grande quantidade de carga orgânica, vinda de arroios, diminuindo o oxigênio.

- Chegamos a pensar que poderia ocorrer uma mortandade, mas não houve. Os peixes buscaram as margens em função de uma situação temporária de falta de oxigênio dissolvido. Hoje (ontem), eles já não são mais vistos buscando ar - diz.

No domingo, os técnicos coletaram amostras de água e mediram o índice de oxigênio que, por volta das 18h, estava em três miligramas por litro sob a ponte da rodovia Novo Hamburgo-Porto Alegre (BR-116), em São Leopoldo (o teor considerado ideal é de cinco miligramas por litro). A água será analisada mas, inicialmente, é descartada pela Fepam a possibilidade de que o lançamento irregular de efluentes tenha diminuído o oxigênio no rio. Presidente da Associação dos Patrulheiros Ecológicos de São Francisco de Assis (Apesfa), Francisco Miler viu os peixes agonizando no domingo à tarde:

- Os pescadores estavam assustados porque tinha muito peixe morrendo. Eu também me impressionei.

Seis empresas serão denunciadas amanhã

Os técnicos da Fepam não estiveram no Rio dos Sinos ontem. Samberg afirma que a situação estava sendo monitorada por meio de moradores e pescadores locais. Eles entrariam em contato com o órgão caso fosse necessário.

- Estive durante seis horas no rio no domingo e posso garantir que não teve mortes além do normal para a localidade, ou seja, dois ou três peixes. E hoje (ontem), se tivesse algum problema, saberíamos.

O Ministério Público (MP) de Estância Velha deve apresentar, amanhã, denúncia contra seis empresas que teriam contribuindo com a mortandade de outubro. Os denunciados foram indiciados em dezembro em inquérito realizado pela Polícia Civil de Sapucaia do Sul.

A relação de empresas denunciadas é mantida em sigilo pelo MP em função de liminares que algumas obtiveram na Justiça, impedindo a divulgação de seus nomes. A denúncia é baseada na prática de crime de poluição, no descumprimento da licença ambiental e na falta de tratamento adequado de resíduos sólidos e líquidos lançados em afluentes do Sinos e no próprio rio.

A lista não inclui a central de resíduos Utresa, de Estância Velha, que já responde a processo. Ela é apontada pelo MP como a principal responsável pela morte dos animais. Os dois fiscais da Fepam, indiciados por crime contra a administração ambiental no inquérito remetido à Justiça, também não serão denunciados.

Conforme a investigação realizada pelo delegado Leonel Baldasso, os dois, cujos nomes não foram divulgados, teriam agido com negligência ao renovar, em junho, o licenciamento da Utresa.

- Os delitos dos fiscais são considerados de menor potencial ofensivo e eles têm direito a optar por uma transação penal - explica o promotor.
(Zero Hora, 20/02/2007)
www.zerohora.com.br

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