Mais um projeto de diversificação vai ser desenvolvido em Santa Cruz do Sul. A Prefeitura e
a Cooperativa Mista de Fumicultores do Brasil (Cooperfumos) assinam hoje (16/02), às 10
horas, um protocolo de intenções para implantação do Complexo Agroindustrial e
Profissionalizante Alimentos e Bioenergia do Vale do Rio Pardo. O projeto que será
apresentado a toda comunidade terá como área de abrangência direta as regiões do Vale do Rio
Pardo, Vale do Taquari, Litoral Norte e Sul do Estado.
De acordo com o presidente da Cooperativa de Fumicultores e coordenador estadual do
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Gilberto Tuhtenhagem, a idéia visa promover a
diversificação de culturas na região produtora de fumo. O empreendimento contará com
recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A previsão inicial de investimento é de
R$ 4,5 milhões, mas no total pode chegar a R$ 120 milhões.
A proposta, segundo ele, é implantar um novo modelo tecnológico conjugando produção de
combustíveis e alimentos com geração de trabalho e renda para os pequenos agricultores. No
complexo serão desenvolvidos processos de produção, industrialização e distribuição de
alimentos e energia a partir da cultura da cana-de-açúcar, mandioca e plantas
oleaginosas.
A construção dos prédios que deverão abrigar toda a estrutura do complexo tem início
previsto para o mês que vem, em área que será cedida pela Prefeitura, às margens da BR–471,
próximo ao Parque de Eventos. No local irão funcionar quatro setores interligados: produção
de bioenergia, produção de alimentos, industrialização e distribuição e formação
profissionalizante. Para entrar em atividade o complexo deverá estar concluído até setembro
de 2008, conforme cronograma estabelecido.
O secretário do Desenvolvimento Econômico, Milton Theisen, afirma que a implantação
representará o início de uma nova era de desenvolvimento sustentável. “O Brasil precisa de
energias alternativas. Acredito na utilização do biodiesel como uma proposta economicamente
viável e como uma excelente forma de contribuição para a preservação do meio ambiente”,
disse. Ele ressaltou também que a produção de biodiesel com o cultivo de novas plantas,
somada à produção do fumo, irá fortalecer a economia de Santa Cruz do Sul.
A sede da unidade de produção de álcool e biocombustível vai ficar em Santa Cruz do Sul, mas
deve representar uma oportunidade para todos os municípios da região. Para o prefeito José
Alberto Wenzel a iniciativa, coordenada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores, vem
atender a uma necessidade do meio rural, que é a busca de novas alternativas economicamente
viáveis para a geração de renda.
Na primeira etapa do projeto de bionergia desenvolvido em parceria entre a Prefeitura e a
Copoerfumos, vai ser instalada uma microusina para destilação de álcool que depois poderá
ser comercializado para a Petrobras. Para isso o plantio da cana deve começar a partir de
agosto deste ano.
Enquanto isso estiver ocorrendo também vai ser feito o cultivo de plantas oleaginosas, que
depois serão usadas para a produção de biocombustível. O beneficiamento dos grãos deve
começar em janeiro de 2008.
Pressão contrária fez órgão desistir de Rio Pardo
A proposta de instalação de uma usina de bionergia na região foi apresentada pelo MPA há
cerca de 15 dias. A idéia inicial era que a unidade ficasse em Rio Pardo. Lá já teriam
ocorrido inclusive negociações com a Prefeitura para a obtenção de uma área destinada ao
complexo. A escolha pelo município, de acordo com o coordenador estadual do órgão, Gilberto
Tuhtenhagem, ocorreu por ele possuir localização central e linha férrea que possibilitaria a
distribuição do que for produzido.
Entretanto, integrantes de movimentos ligados aos pecuaristas se posicionaram contra o
projeto. A preocupação era de que ocorressem invasões de terras no município, uma vez que a
coordenação das atividades seria feita pelo MPA. “Possuíamos um plano B que era Santa Cruz e
acabamos colocando em prática. Se lá não deu certo, aqui a negociação foi tranqüila”, disse
Tuhtenhagem.
Ele destacou ainda que o município tem a BR–471, e terá a RST–471, que também poderão ser
usadas como rota de escoamento.
(
Gazeta do Sul, 16/02/2007)