Ativistas do Greenpeace alertam para o perigo de se contaminar a biodiversidade de milho brasileira com a liberação comercial de variedades geneticamente modificadas. Relatório lançado na capital federal traz 10 anos de contaminação de diversas espécies no mundo.
Os membros da CTNBio tiveram nesta quarta-feira (14/2), em Brasília, uma pequena mostra do que pode acontecer com nossas plantações de milho em caso de uma contaminação genética da espécie no país.
Do café-da-manhã no hotel ao início da reunião que teriam na Agência Nacional das Águas para discutir cinco pedidos de liberação comercial de milho transgênico no Brasil, os membros da CTNBio tiveram a incômoda companhia de dezenas de 'milhos geneticamente modificados' - nossos ativistas devidamente caracterizados.
A ação que contou com 60 ativistas do Greenpeace começou às 7h30, no restaurante do Hotel Alvorada, onde os membros da CTNBio estavam hospedados. Ao descerem de seus quartos para o restaurante, encontraram 'milhos transgênicos' tomando café, lendo jornais nos sofás e circulando pelo saguão de entrada do hotel.
Um carro de som foi usado para passar, repetidamente, a mensagem do Greenpeace e de todos que pedem mais precaução e estudos sobre os impactos negativos da liberação de organismos geneticamente modificados na natureza.
Uma das integrantes da CTNBio se exaltou com a presença de tantos 'milhos transgênicos' e bradou em alto e bom som porque considerava inútil o protesto do Greenpeace.
"Já está tudo decidido. Vocês não vão mudar nada."
Relatório mostra 10 anos de contaminações pelo mundo
A 'contaminação transgênica' se alastrou pelas ruas da cidade, no trajeto que a van dos membros da CTNBio fez do hotel até o local da reunião. A cada sinal fechado ou tráfego mais intenso, a van era cercada por inúmeros 'milhos transgênicos' que circulavam com cartazes pedindo a não aprovação das variedades geneticamente modificadas.
Ao chegar na Agência Nacional das Águas, por volta das 9 horas (horário marcado para o início da reunião), os ocupantes da van receberam cópias do relatório Registros de Contaminação Transgênica - 2006, que traz informações sobre os 10 anos de problemas causados em todo o mundo por essa tecnologia.
De 1996 até hoje, foram documentados 142 casos de contaminação em diversos países, 35% deles referentes a variedades de milho geneticamente modificados. O relatório será lançado internacionalmente, em parceria com a rede GeneWatch, do Reino Unido, na próxima segunda-feira, dia 19 de fevereiro.
“O fato é que a biotecnologia está completamente fora de controle. Nem as empresas e nem os governos estão preparados para colocar em prática medidas que garantam a biossegurança do país. Os membros da CTNBio não podem fechar os olhos para as evidências contidas nesse relatório, assim como não podem ignorar os mais de 70% dos brasileiros que não querem comer transgênicos”, disse Gabriela.
“O que aconteceu hoje em Brasília é uma representação fiel do que pode acontecer com o Brasil todo caso o milho transgênico seja liberado”, alertou Gabriela Vuolo, coordenadora de campanha de engenharia genética do Greenpeace Brasil. “A contaminação genética no caso do milho é muito grave, e uma vez aprovada, a variedade transgênica pode aparecer nos locais mais inesperados e indesejados possíveis. O milho geneticamente modificado é um ser vivo e será impossível controlar sua dispersão”.
Desde o dia 6 de fevereiro, o Greenpeace disponibilizou em seu site protesto virtual, no qual os internautas podem enviar uma mensagem aos 54 cientistas da CTNBio (27 titulares e 27 suplentes), pedindo para que não aprovem as variedades transgênicas e exigindo o direito de consumir alimentos saudáveis. Além disso, voluntários de sete capitais brasileiras realizaram atividades nos últimos dias, exigindo biossegurança e levando informações sobre a CTNBio para as populações de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Manaus, Brasília e Salvador.
(
Greenpeace Brasil, 14/02/2007)