Bairro de Porto Alegre se mobiliza para cuidar do lixo seco
2007-02-15
Pensando em limpar as ruas e dar um destino correto a resíduos secos, moradores e trabalhadores do Moinhos de Vento criaram o projeto Recicla Moinhos. Com o apoio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), a coleta seletiva, que hoje passa uma vez por semana no bairro, deverá ser feita duas vezes, e o lixo seco será encaminhado a duas unidades de triagem, transformando o que foi descartado em renda para mais de cem famílias.
Se os resultados forem satisfatórios, o projeto poderá ser estendido para toda a cidade. Até final do ano, segundo o DMLU, o número de bairros que contam com a coleta seletiva duas vezes por semana deverá passar de 10 para 30.
A iniciativa criada pela comunidade do Moinhos de Vento está em fase de divulgação e busca de colaboradores. Seu lançamento não tem local ou data definida, mas a intenção dos organizadores é dar início ao projeto no final de março, com uma exposição fotográfica de Eduardo Liotti que mostrará por dentro as unidades de triagem da Capital.
– A idéia é sensibilizar a população sobre a importância de reciclar o lixo – explica Luciele Comunello, que trabalha no Centro de Cultura e Bem-Estar Fabiano Gomes, representante da Universidade de Yôga e apoiador da iniciativa.
Moradores do Moinhos de Vento reclamam que os catadores acabam sujando as vias ao abrirem os sacos de lixo e espalharem os resíduos nas calçadas. Luciele ressalta que, para retirá-los das ruas, é necessário oferecer uma alternativa de sobrevivência.
Ao abandonarem as vias, eles também deixam para trás a insegurança de trabalhar no meio do trânsito e de manipular materiais que não conhecem. O diretor da divisão de projetos sociais, reaproveitamento e reciclagem do DMLU, Jairo Armando dos Santos, explica que os catadores da região serão convidados a se engajar em cooperativas.
– Muitas vezes, eles levam para casa resíduos tóxicos. Com a formalização, também evitamos o trabalho infantil – observa.
O DMLU estima que, hoje, menos de 10% dos porto-alegrenses separam o lixo. Para conscientizar a população, palestras de educação ambiental farão parte do programa. Santos orienta os moradores, síndicos e zeladores a colocarem o lixo seco para ser recolhido somente no dia e nos horários da coleta seletiva.
Raul Agostini, presidente da associação dos moradores do bairro, Moinhos Vive, idealizadora do projeto, destaca os aspecto social e ambiental da iniciativa:
– Não estamos criando nada inédito. Só precisamos mudar a cultura da comunidade, que é a parte mais difícil. Separar o lixo é até óbvio hoje em dia, principalmente quando vemos os problemas ambientais se agravando cada vez mais. Garantir dignidade a famílias carentes também é um grande estímulo para nós.
(Zero Hora, 15/2/2007)
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