Enchentes em Moçambique ameaçam 285 mil
2007-02-15
As vidas de 285 mil pessoas estão ameaçadas pelas enchentes que assolam Moçambique, de acordo com estimativas da ONU. Segundo a organização, a população ameaçada - que vive na região do vale do rio Zambezi, cujas margens se romperam - pode ter de ser removida. Cerca de 80 mil pessoas que tiveram de deixar suas casas já foram resgatadas.
Informações da imprensa local indicam que mais dez pessoas morreram em decorrências das cheias no país nesta semana, o que elevaria o número de mortos para 40 desde dezembro, quando chuvas torrenciais começaram a castigar o sul da África.
Diante do temor de que o nível das águas suba ainda mais, equipes de resgate estão aumentando seus esforços para chegar - com barcos e helicópteros - a milhares de pessoas que ficaram isoladas pelo transbordo do Zambezi.
Animais
Embora a ONU diga que as autoridades moçambicanas estão mais preparadas do que em 2001, quando cheias no país mataram 700 pessoas, elas ainda carecem de recursos e têm enfrentado dificuldades como a recusa de alguns em deixar suas casas e o gado que sempre garantiu seu sustento.
"Nada de galinhas, nada de cabras", dizia um funcionário da equipe de resgate da ONU às pessoas isoladas pelas águas, segundo relato da agência de notícias Associated Press.
O responsável pelas operações de resgate da ONU, Jaco Klopper, disse à AP que a resistência de alguns moradores em sair dos locais inundados cria um problema logístico para as suas equipes.
"O problema é o seguinte: as pessoas não querem deixar suas cabras, daí as águas sobem e eles acabam se agarrando às árvores e nós temos que vir salvá-los quando não temos os recursos", disse Klopper à AP.
Ainda assim, agências envolvidas no resgate às vítimas esperam que o número de mortos seja muito menor do que o de seis anos atrás.
Já para a infra-estrutura do país, as enchentes têm sido devastadoras. Milhares de hectares de plantações, além de um grande número estradas e pontes de Moçambique foram destruídos pelas chuvas torrenciais das últimas semanas.
Mais de 50 centros de acomodação foram instalados em quatro províncias de Moçambique, e escolas estão sendo improvisadas em barracas para que as crianças que tiveram de deixar suas casas não fiquem sem aula.
(BBC, 15/02/2007)
http://www0.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2007/02/070214_mocambiquecg.shtml