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2007-02-14
Um paraíso verde que está virando um inferno social e ambiental. É o mínimo que se pode dizer dos sérios conflitos que estão ocorrendo no sul do Amazonas, mais precisamente na região de Lábrea, onde 1,5 mil famílias de trabalhadores rurais estão sendo ameaçados de morte por jagunços e policiais à paisana contratados por grileiros de terra que já devastam as matas do maior estado florestal do país.

O conflito na região é grave, pois cinco trabalhadores rurais já foram assassinados nos últimos seis anos por resistirem à devastação da floresta e às tentativas de expulsões promovidas pelos grileiros, que desmatam para plantar capim para gado e soja, reeditando o velho roteiro da saga de destruição da maior floresta tropical do planeta.

Diante do silêncio e da ineficiência do governo e das autoridades do Amazonas, parlamentares federais e estaduais do Acre tentam cobrar do governo federal uma intervenção imediata na região que faz fronteira com o seu estado antes que ela vire um campo de guerra e termine em massacres de trabalhadores, como os que ocorreram em Eldorado dos Carajás, no Pará, ou em Corumbiara, em Rondônia.

Ao tentar intermediar uma solução para o conflito, uma comissão formada pelos deputados estaduais acreanos Moisés Diniz (PCdoB), Walter Prado (PSB) e Mazinho Serafim (PT), além do procurador da República Marcos Vinicius Aguiar e dos professores Helder Andrade e Gerson Albuquerque, da Universidade Federal do Acre (Ufac), foi para Lábrea na semana passada.

Chegando lá, no entanto, a comissão praticamente foi enxotada por policiais militares sob o argumento de que o Acre não tinha nada a ver com os conflitos. A comissão de paz foi para a região com a intenção de amenizar os problemas vividos pelas 1,5 mil famílias que habitam numa área de 37 mil hectares, no acampamento Nova Esperança, área em litígio localizada próxima à divisa entre o Acre e Rondônia. A comissão decidiu denunciar o conflito às autoridades federais.

Deputado Henrique Afonso cobra providências
Esta semana, o deputado federal Henrique Afonso (PT-AC) começou a mobilizar parlamentares federais dos três estados para que a bancada da Amazônia Ocidental interceda junto às autoridades estaduais e federais, em especial o Incra, para resolver o grave conflito agrário. Além de denunciar o conflito da tribuna da Câmara, Henrique Afonso enviou documento ao Ministério de Desenvolvimento Agrário solicitando que a regularização fundiária na região seja feita em caráter de urgência.

Segundo Henrique Afonso, mais da metade das 1,5 mil famílias que lutam por um pedaço de terra no acampamento Nova Esperança vive atormentada por supostos pistoleiros que fazem patrulha em defesa de fazendeiros e madeireiros, havendo, portanto, necessidade de agilizar a regularização para se evitar conflitos ainda mais sangrentos.

“Em 2001, a Superintendência Regional do Incra do Acre, identificou que a área tinha grandes irregularidades como grilagem, desmates e retiradas ilegais de madeira. Apesar de promessas de autoridades, os acordos não foram cumpridos, agravando mais a situação”, denunciou Henrique Afonso.

A presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Acre (Fetacre), Sebastiana Miranda, esteve em Brasília esta semana relatando detalhes do conflito ao deputado, para quem demonstrou grandes preocupações com pessoas que já foram ameaçadas mais de uma vez por telefone ou pessoalmente e que constam, inclusive, na lista da Ouvidoria Agrária do Incra como colaboradores. Segundo o deputado Henrique Afonso, “casos como o de Chico Mendes se repetem na Amazônia”.
(Kaxiana - Agência de Notícias da Amazônia, 13/02/2007)
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