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2007-02-14
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que o governo pretende definir "o mais rápido possível" se retoma ou não a construção da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro. Para que a obra seja iniciada, é necessário o aval do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão interministerial de aconselhamento da Presidência da República.

Dilma disse, que a discussão sobre Angra 3 "ainda não está madura". "Estamos em um processo de discussão interna", disse. A próxima reunião do CNPE deve acontecer em março, mas Dilma não tem certeza se Angra 3 estará na pauta.

O Estado informou no domingo que existe um plano da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para construir seis usinas até 2030, de modo que a energia nuclear passe a representar 5% de toda a energia produzida no País. Já a estatal Eletronuclear informou ontem que o Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério das Minas e Energia, indica três cenários para expansão da energia nuclear, com a construção de até oito usinas.

A retomada de Angra 3, que teria capacidade para gerar 1,3 mil megawatts (MW), seria o primeiro passo para o plano da CNEN ser colocado em prática. A usina é remanescente de um pacote negociado na década de 70 com a Alemanha, que não foi totalmente implementado.

No atual governo, a retomada das obras já dividiu as opiniões. Dilma, quando ocupava a pasta de Minas e Energia, se posicionou contra a proposta, por considerar que os custos de produção seriam altos. Seu antecessor na Casa Civil, José Dirceu, defendia a construção de Angra 3 por razões estratégicas. O aumento dos custos da energia e a possibilidade de um novo apagão teriam levado a ministra a mudar de opinião.

O Ministério do Meio Ambiente, que integra o CNPE, com mais sete ministérios, é tido como principal foco de resistência à usina. Mas, técnicos do setor avaliam que, depois da divulgação de um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o aquecimento global, a tecnologia nuclear ganha espaço ante alternativas como o petróleo e o carvão.

O Greenpeace avalia que a opção pela expansão do uso de energia nuclear é "burra". Para o coordenador de Campanha da entidade, Marcelo Furtado, não faz sentido o Brasil investir nesse tipo de energia, já que conta com "potencial energético de fonte renováveis". As alternativas de geração, disse, seriam pequenas centrais hidrelétricas, biomassa, eólica e até solar.

"Há outros recursos com preços competitivos ou até mais baratos que a energia nuclear, não geram tantos problemas e são muito mais estratégicos para o Brasil", afirma.

Segundo Furtado, o que não está sendo dito é que o interesse do governo em concluir a usina de Angra 3 é "permitir um programa brasileiro nuclear, com o domínio do ciclo completo do urânio". "Estão usando maquiagem verde para tentar viabilizar uma energia mais cara, perigosa e desnecessária", afirma.

'País quer enriquecer urânio', diz Goldemberg
O físico José Goldemberg, ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo, disse ontem que o Brasil não precisa investir numa "energia cara", como a nuclear, se pretende resolver o problema do déficit de eletricidade nos próximos anos. Segundo Goldemberg, o plano da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que prevê a retomada do programa nuclear com a proposta de construção de até seis usinas, serve apenas para ampliar o enriquecimento de urânio para exportação e não para resolver o déficit do setor elétrico.

Goldemberg afirma que o Brasil tem potencial hídrico para atender à demanda de energia do País, sem a necessidade de buscar alternativa nuclear. "O nosso problema é falta de energia, mas, diferente da França, da Alemanha e do Japão, temos alternativas." Atualmente, apenas um terço do potencial hidrelétrico é explorado no País.

Secretário de Ciência e Tecnologia do governo Fernando Collor de Mello (1990-1991), Goldemberg disse que a ampliação do parque gerador nuclear é uma desculpa para o Brasil investir em enriquecimento de urânio para abastecer o mercado mundial.

O investimento para atender ao aumento da demanda sugerida pelo CNEN seria de US$ 1 bilhão em investimentos na cadeia de produção do elemento combustível usado nos reatores nucleares, o que inclui mineração, beneficiamento e montagem das estruturas com o combustível.

O Brasil é dono da sexta reserva mundial de urânio e detém a tecnologia das supercentrífugas. A empresa detentora da tecnologia é a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), localizada em Resende (RJ).

O plano da INB é até o fim desta década produzir 60% da demanda de recarga dos reatores das usinas de Angra 1 e 2. Até 2015, o Brasil poderá alcançar a auto-suficiência para abastecer até Angra 3, caso esta saia do papel. O País já faz até poucas exportações de urânio enriquecido.

De acordo com o físico, o Brasil deveria apenas concluir a construção de Angra 3. Para ele, a retomada do programa nuclear reacenderia dúvidas sobre o uso do urânio no Brasil. "Seria reacender uma polêmica hoje adormecida. O Brasil seria alvo de dúvidas como as que o Irã enfrenta", avalia. Além disso, há o problema do destino final do lixo nuclear, algo ainda não definido.
(Por Leonardo Goy e Agnaldo Brito, O Estado de S. Paulo, 13/02/2007)
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