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2007-02-14
A Prefeitura de Paris adotou um plano controverso para reduzir em 40% a circulação de automóvel na capital francesa até 2020. Entre outras medidas, o programa prevê a redução de vagas para estacionamento e a oferta de bicicletas de aluguel a valores muito baixos.

Após meses de polêmica, o plano elaborado pela equipe do prefeito, Bertrand Delanoe, que declarou guerra aos engarrafamentos e à poluição, foi aprovado na segunda-feira (12/02) com os votos da esquerda e dos ecologistas. Este projeto deverá permitir uma diminuição de 60% das emissões de gases para a atmosfera até 2020, segundo a Prefeitura.

O plano prevê uma redução substancial do número de lugares de estacionamento para automóveis, acompanhada de uma nítida melhoria dos transportes públicos. Deverá ser dada prioridade aos transportes públicos e às bicicletas, estando prevista a extensão da rede de bondes na capital francesa, bem como o encerramento de vias ao transporte individual.

Até o meio do ano, deverão ser disponibilizadas cerca de 14 mil bicicletas, através de aluguel por um valor bastante reduzido. Entre os críticos do plano figuram vários usuários de veículo particular, preocupados com uma longa demora no seu trajeto diário entre o domicílio e o trabalho. A Câmara de Comércio e Indústria de Paris também criticou o projecto, afirmando que "não se adequa às necessidades do desenvolvimento econômico".

Lisboa
Contactada pela Agência Lusa, a secretária da Mobilidade na Prefeitura de Lisboa, Marina Ferreira, afirmou que a capital portuguesa tem algumas "dificuldades agravadas" em relação a Paris por conta do nível de poder de intervenção nesta área.

"Em Lisboa, temos poderes muito limitados no que concerne à mobilidade," afirmou Marina Ferreira, explicando que a Prefeitura só tem poder sobre a via pública e o estacionamento, competindo os transportes ao governo português.

Ainda segundo a secretária municipal, a realidade de Paris é bem diferente: além do município ter também competências sobre a via pública e o estacionamento há a Autoridade de Transportes, "onde a cidade de Paris tem uma posição dominante".

De acordo com Marina Ferreira, este modelo tem permitido a concretização de grandes investimentos nos últimos anos. Além de uma grande rede de metrô, os ônibus têm níveis de frequência muito elevados: "os nossos ainda são muito lentos", exemplificou.

Marina Ferreira ressaltou que o plano parisiense, tal como o de Lisboa, aposta muito na punição ao estacionamento. Para a secretária, qualquer política de mobilidade destinada a combater a poluição atmosférica deve incidir numa aposta clara no transporte público e penalização do individual.

"É preciso apostar ainda muito no transporte público nas áreas urbanas. O que se tem gasto em investimento no transporte público em Lisboa é muito pouco", criticou, defendendo estas e outras medidas antes de se pensar em colocar pedágios nas cidades, como admitiu recentemente o governo.

"Não digo que daqui a 10 ou 15 anos não seja necessário pensar nisso, mas ainda há muito caminho a percorrer antes de lá chegar", defendeu. A Prefeitura de Lisboa não tem ainda estimativas sobre a redução de veículos na cidade que poderá ser alcançada com a política de mobilidade, mas Marina Ferreira adiantou que serão feitos estudos.
(Lusa, 13/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/lusa/2007/02/13/ult611u73919.jhtm

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