FALTAM ESTATÍSITCAS SOBRE CONTAMINAÇÃO DE POPs NO MUNDO
2001-10-26
Com a intenção de elaborar um manifesto pelo banimento dos Poluentes Orgânicos Persistentes (ver nota abaixo), a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul realizou na quarta-feira (23/10) o Seminário POPs. Lenine Alves Carvalho, mestre de epidemeologia de agrotóxicos pela Universidade de Londres e coordenador de Saúde da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), destacou a inexistência de estatísticas sobre contaminações no estado e no mundo. Ele alega que quando se descobriu a toxicidade dos POPs, verificou-se um leque muito grande de produtos, e aliado ao difícil diagnóstico, torna quase impossível a realização de estatísticas por contaminação. - Os sintomas são muito parecidos com os de outras doenças, explica. Os POPs agem em quase todos os orgãos do ser humano, os efeitos mais conhecidos são os hepáticos e dermatológicos(dermatites, manchas na pele e equizemas). - Essas manchas na pele podem transformar-se em reações alérgicas pelo corpo todo com a exposição ao sol, completa. As atividades mais sujeitas a contaminação por esses elementos são a agrícola e a produção e manuseio do Polivinil Cloreto (PVC). - Como esses produtos estão na cadeia alimentar, qualquer um pode estar contaminado em diferentes níveis, explica. A maneira como os POPs agem no organismo ainda é desconhecida, mesmo em quantidades pequenas. Se hoje, todos os produtos fossem eliminados(cerca de 11.000 conhecidos) mesmo assim teríamos nas próximas décadas o efeito residual, principalmente nas gorduras humana e animal. O PVC, tipo de plástico mais barato e portanto mais utilizado, tem em sua produção aspectos diferentes de outros plásticos. Sua composição química é constituída por cloro, elemento químico extremamente perigoso, de gases como o clorofluorcarbono (CFC), um dos principais responsáveis pela destruição da camada de ozônio, além dos policloretos bifenilas (PCBs, proibidos em quase todo o mundo), substância altamente tóxica. Os PCBs são tão persistentes que através da cadeia alimentar podem chegar à mesa de qualquer casa em qualquer parte do planeta. Além dos efeitos cancerígenos dos POPs, revelados ainda na década de 60 por Rachel Carson, no livro Primavera Silenciosa, hoje se sabe das alterações no comportamento humano e na fauna, como a diminuição drástica de certos animais e a morte em massa de outros, principalmente marinhos, sem causa aparente. Segundo Gilson Satemberg, da Ong Amigos da Terra, essas substâncias podem ser levados pelas correntes marinhas, principalmente para as regiões do Ártico. Lenine Carvalho ressaltou o crescente aumento de casos de depressão verificado em mulheres no interior do Estado. - Apesar de provocado por diversos fatores, podemos apontar como agravante a incidência de POPs no organismo dessas mulheres, revela. Os POPs agem como um gatilho, para em certos casos provocarem até mesmo suicídios, que de acordo com Carvalho, têm sido cada vez mais freqüentes entre as mulheres no interior do estado.