Fiscais constatam devastação da mata atlântica em municípios catarinenses
2007-02-13
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) vai desencadear operações de fiscalização em 64 municípios na região do Alto Vale do Itajaí e Planalto catarinense. No fim de semana, técnicos sobrevoaram áreas devastadas e, a partir do levantamento das coordenadas geográficas, vão dar seqüência à ação, agora por terra.
Do céu, fiscais observaram que áreas imensas de mata atlântica estão sendo derrubadas e substituídas por plantações de pínus e eucalipto. Em outros locais, a floresta é desmatada para ampliação de roças de fumo. As situações mais críticas foram encontradas em Santa Terezinha, Vítor Meireles, Otacílio Costa, Santa Cecília e Lages (próximo à divisa com o Rio Grande do Sul).
Segundo o Ibama, empresas ou agricultores fazem a extração de mata nativa, principalmente araucária. Quem promove a devastação geralmente deixa o chamado cinturão verde para não ser flagrado pelo Ibama ou Polícia Ambiental. O miolo da área é destruído e a mata ao redor é poupada para não despertar atenção da fiscalização. Depois, fazem o plantio de mudas de pínus. Há casos também de incêndio criminal. “Acaba virando uma floresta canadense com objetivo único de comercialização”, avalia o chefe do escritório do Ibama em Rio do Sul, Bruno Barbosa.
Em Santa Terezinha, com o anúncio da ampliação da Área de Relevante Ecológico da Serra da Abelha, o desmatamento aumentou consideravelmente, diz Barbosa. O quadro é desolador, acrescenta, com imensas clareiras que denunciam a extração irregular. O helicóptero usado na vistoria no fim de semana foi cedido pelo Ibama de Brasília especialmente para a operação. A pressão para que providências sejam tomadas partiu também da Justiça Federal de Rio do Sul.
Na próxima etapa da ação, a vistoria por terra, os proprietários serão notificados por crime ambiental. Madeira extraída será apreendida. Os responsáveis pelo crime ambiental podem ser autuados, ter a área embargada e pagar multa. O valor da multa dependerá do tamanho. “Os donos têm direito de defesa, mas com base nas fotos é impossível negar a existência do desmatamento”, afirma Barbosa. A fiscalização terrestre depende agora de apoio logístico, como carro e fiscais, que devem ser cedidos pela superintendência de Santa Catarina e pela direção nacional do Ibama. O relatório sobre a operação do fim de semana deverá ser encaminhado ainda esta semana para a superintendência do órgão em Florianópolis.
A agilidade na finalização da operação vai evitar cenas como as verificadas pelos fiscais em setembro do ano passado em Santa Terezinha. Área de 156, 7 hectares , na localidade de Coroado, foi devastada e incendiada. Crime em área equivalente a 96 campos de futebol. Os proprietários foram multados em R$ 300 mil reais e respondem por crime ambiental.
(Por Orlando Pereira, A Notícia - SC, 13/02/2007)
http://www.an.com.br/2007/fev/13/0ger.jsp