PCH Santa Fé (ES) vai deixar moradores sem água
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impactos de hidrelétricas
2007-02-13
Os moradores da região do rio Braço Norte Esquerdo, afluente do rio Itapemerim, no Caparaó (ES), ameaçam impedir a construção da Pequena Central Hidrelétrica Santa Fé. O empreendimento deverá reduzir, em um percurso de oito quilômetros, a vazão da água para meio por cento do volume atual, deixando a comunidade sem abastecimento e sem sustentabilidade econômica e ambiental.
Em reunião realizada no último dia 8/2, em Alegre, a empresa Castelo Energética S.A chegou a afirmar que a única forma de o empreendimento ser levado adiante e com a retenção de 99,5% do volume de água desse afluente. Mas, segundo a Secretária Executiva do Consórcio Caparaó, Dalva Ringuier, isso geraria o desaparecimento do rio. E, por conseqüência, geraria ainda, o desemprego dos agricultores da região.
E esse não é o único caso em que os moradores lutam para evitar um desastre ecológico e social devido à construção das PCHs no Estado. Moradores da região do rio Jucu, onde será construído a PCH de São Pedro, reclamam que o empreendimento secará 6,1 quilômetros de um dos principais rios que abastecem a Grande Vitória.
As PCHs são justificadas pelos empreendedores como uma garantia de mais energia para os capixabas e despertando a preocupação dos Comitês de Bacias Hidrográficas e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, devido à forma que vêm sendo aprovadas.
Já os moradores da região temem o atropelamento dos direitos das comunidades atingidas, assim como a preocupação com o equilíbrio ambiental da região. A preocupação sobre a construção das PCH no Estado é grande e crescem a cada dia as reclamações dos comitês sobre a falta de participação do órgão nas decisões sobre tais empreendimentos.
Os ambientalistas lembram ainda que os Comitês das Bacias Hidrográficas (CBH), considerados fundamentais para a aprovação desses empreendimentos, quase nunca são ouvidos nos processos.
A situação hídrica no Estado é crítica. O rio Jucu, responsável por abastecer a Grande Vitória, já possui 50% de sua produção captada para o abastecimento doméstico e de indústrias. Vila Velha também se encontra em estado de alerta. O município não pode mais crescer industrialmente, por não possuir água suficiente para isso.
A falta de água causada pela degradação dos rios também afeta o município da Serra. Este município retirava seu abastecimento do Rio Santa Maria, mas, atualmente, é obrigado a buscar água rio Reis Magos. Os mangues, segundo os ambientalistas, também sofrem com a falta de água doce, o que vem prejudicando o desenvolvimento de sua biodiversidade.
As PCH construídas de forma descontrolada causam assoreamento, pejudicam a fauna dos rios e a vida das comunidades ribeirinhas. Caso o empreendedor responsável pela PCH não encontre uma alternativa para o problema, a intenção da população é entrar com uma Ação Civil Pública para impedir a construção da nova PCH.
(Por Flávia Bernardes, Século Diário - ES, 12/02/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/fevereiro/12/noticiario/meio_ambiente/12_02_07.asp