Tecnologia antigranizo na mira da Fepam
2007-02-13
Uma área de mil hectares foi atingida pelo granizo, no município de Vacaria, nos dias 4 e 5 de fevereiro. O prejuízo contabilizado foi de 50 mil toneladas de maçãs.
A quantidade corresponde a um quarto de toda a produção estimada para o município. Para os pomicultores, as perdas poderiam ter sido evitadas caso a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) não tivesse embargado o uso de um sistema antigranizo, já acionado nas duas safras anteriores.
Em linhas gerais, a tecnologia consiste na emissão de pulsos sonoros por meio de explosões de gás acetileno. O sistema seria acionado automaticamente por radares ligados via satélite a centrais meteorológicas após a detecção de nuvens que possam gerar granizo. Os produtores afirmam que nos dois anos de uso do sistema não registraram nenhuma ocorrência do fenômeno.
A Fepam, porém, alega desconhecer a eficácia do sistema e justifica o embargo pela falta de informações sobre a tecnologia no ambiente e mesmo sobre o espaço aéreo. Em novembro de 2006 foi proibido o uso. Hoje em uma reunião agendada para às 9h, o órgão discutirá a questão com representantes dos produtores de maçã. O embargo também foi motivado pela reclamação de produtores rurais vizinhos aos pomares que utilizam o equipamento.
- Muitos reclamaram do barulho, já outros dizem que na extensão de amplitude do canhão (de som) não chovia - explica Bueno.
Segundo a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçãs, existem 10 canhões (como são chamados os equipamentos) na região - nove em Vacaria e um em Bom Jesus. Na contabilidade da Fepam, existem 16.
Canhões também seriam antichuva
Os 120 decibéis emitidos pelos disparos sonoros do sistema antigranizo (superior ao emitido por um avião) não são a principal reclamação dos vizinhos dos pomares. Segundo eles, os equipamentos não apenas impedem a formação de granizo, mas também a queda da chuva no espaço de alcance das ondas sonoras.
Os pomicultores porém, garantem que o equipamento não desloca as nuvens ou impede a chuva. O objetivo é impedir que a água concentrada nas nuvens caia na forma de pedras de gelo.
- Os canhões não alteram o volume pluviométrico. Como o momento de instalação coincidiu com o período de seca, algumas pessoas acreditam ter relação com o equipamento. Mas nos dois anos passados, não deixou de chover só em Vacaria. A seca afetou todo o Rio Grande do Sul - ressalva João Zuanazzi, engenheiro agrônomo que presta assessoria para empresas produtoras de maçã.
Zuanazzi explica que nos últimos 12 anos na região, em oito a cidade registrou ocorrência de granizo. O problema é gerado em função da topografia da região, que proporciona "corredores" de granizo, em determinadas áreas.
(Zero Hora, 13/2/2007)
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