A Rede de Organizações Ambientalistas do Paraguai (ROAM) rechaça a intenção do Serviço Nacional de Sanidade Vegetal e da Semente (SENAVE) de eliminar o mosquito transmissor da dengue através do uso de herbicidas de uso agrícola, tal como havia proposto o titular do escritório, engenheiro agrícola Edgar Esteche.
As autoridades da ROAM explicam que o herbicida proposto para utilização é o glisofato, o mesmo que se espalha pela textura das plantas depois de sua absorção pelas folhas, ou seja, "mata tudo", disseram.
"É um veneno de classe toxicológica IV no nosso país. No entanto, a Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA) reclassificou os herbicidas que contêm glifosato como classe toxicológica II, ou seja, altamente tóxicos por irritarem os olhos", assinalou o agrônomo Víctor Benítez Insfrán, coordenador da ROAM.
Segundo Insfrán, a Organização Mundial para a Saúde (OMS) descreve efeitos sérios da aplicação do herbicida em vários estudos realizados em coelhos, qualificando-o como "fortemente ou extremamente irritante".
Quanto às formas de exposição, a toxicidade do glifosato puro ou fórmula composta é maior em caso de exposição dérmica ou quando se inala do que em caso de ingestão. Em humanos, os sintomas de envenenamento incluem irritações dérmicas e oculares, náuseas e tonturas, queda de pressão sanguínea, vômito, destruição de glóbulos vermelhos, entre outros.
"É irresponsável planejar eliminar o mosquito vetor da dengue com uma fumigação aérea e utilizar como estratégia de eliminação de matagais, herbicidas de uso agrícola, como recomenda o engenheiro Esteche, quando não é de sua competência a limpeza dos terrenos baldios, muito menos a saúde da população, sendo que o habitat do mosquito vetor, segundo os entendidos, não são precisamente os matagais, e sim água acumulada em qualquer tipo de recipiente", afirmou Benítez.
Para o Centro Nacional de Toxicologia do Ministério da Saúde Pública e Bem-estar Social, não existe nenhum protocolo para o uso de glifosato na campanha contra a dengue nas zonas urbanas para o controle de matos em terrenos baldios.
"As instituições nucleadas à ROAM, expressamos nossa oposição ao uso deste produto e instamos a não seguir improvisando quando se trata da saúde e do meio ambiente", sentenciou Victor Benítez.
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Adital, 12/02/2007)