Desmatamento mata rio do ES e comunidade pede socorro
2007-02-12
O rio Ribeirão, em Laranja da Terra, perdeu a metade de sua água em apenas uma década. Seu leito está assoreado. Entre as causas, o desmatamento intenso na região e a prática de uma agricultura insustentável, principalmente a produção de café, e pastagens extensivas. Mantida a tendência, os agricultores terão que abandonar a região.
As lideranças da comunidade estão buscando socorro. O rio Ribeirão é afluente do rio Guandu. Segundo informou o pastor Siegmund Berger, diretor da Associação Diacônica Luterana (ADL), com sede em Serra Pelada, município de Afonso Cláudio, o rio Ribeirão tinha largura que variava de oito a dez metros em alguns pontos. Uma década depois, está reduzido a cerca de quatro metros.
A vazão do rio caiu à metade, com o leito tomado por areia. Durante as chuvas, há inundações na região e, na maior parte do tempo, há pouca água para atender cerca de 200 propriedades localizadas na sua área de influência.
Siegmund Berger estima que a cobertura da vegetação nativa na região é de 4 a 5% da mata atlântica original. No Estado, mesmo com toda a devastação, a cobertura da mata nativa é de cerca de 7%.
Na região de Laranja da Terra e Afonso Cláudio, o café em geral é cultivado sem que o solo seja protegido com cobertura vegetal. Com isso, as águas das chuvas levam muita terra para os rios, provocando o assoreamento.
Também as pastagens são completamente sem arborização, além de usadas intensamente. A maioria dos agricultores não conhece o plantio consorciado de capim e árvores, sistema que não só aumenta a produção do pasto em 40%, como facilita a penetração das águas das chuvas, além de fornecer madeira.
Na região, os agricultores também produzem hortaliças, mas em menor escala. As técnicas agrícolas empregadas e a destruição da vegetação estão matando o rio Ribeirão.
Com o objetivo de buscar socorro para o rio, será realizada uma reunião, na próxima quarta-feira (14/2), às 10h, na Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (SECT). Participarão o subsecretário Cleber Guerra, que é engenheiro agrônomo, e um especialista em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
A comunidade será representada por Siegmund Berger, um professor do curso técnico em agroecologia da ADL e dois alunos do curso. O grupo busca orientação para elaborar um projeto que tenha como objetivo reverter a morte do rio Ribeirão, e assegurar que cerca de 200 famílias possam continuar a viver na região e produzir de modo sustentável.
O professor Siegmund Berger criou a Escola Família Agrícola (EFA) de Garrafão, em Santa Maria de Jetibá, que oferece o ensino fundamental de quinta à oitava série e um curso técnico em agricultora orgânica. Também criou um curso técnico em agroecologia, com 40 vagas, na Associação Diacônica Luterana (ADL), em Serra Pelada, Afonso Cláudio. O telefone da ADL é (27) 3735.7060.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 09/02/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/fevereiro/09/noticiario/meio_ambiente/09_02_06.asp