AIEA suspende metade dos projetos de ajuda técnica ao Irã no campo nuclear
2007-02-12
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou na sexta-feira (9/2)a suspensão de quase metade de seus projetos de cooperação técnica com o Irã, depois da última resolução da ONU contra o programa nuclear de Teerã.
"É uma medida substancial (...) porque essa ajuda é um instrumento importante para o Irã", declarou um responsável da AIEA.
Esta fonte sublinhou que a Agência tenta, com sua decisão, cumprir o desejo do Conselho de Segurança da ONU de "enviar uma forte mensagem ao Irã".
A resolução 1737 da ONU, adotada no dia 23 de dezembro de 2006 pelo Conselho de Segurança, pune o Irã por sua recusa a suspender suas atividades de enriquecimento de urânio e pede a suspensão da ajuda da AIEA ao programa nuclear iraniano.
Segundo um informe do diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei, do qual a AFP conseguiu uma cópia, o organismo da ONU que controla a segurança nuclear mundial suspendeu, total ou parcialmente, 22 dos 55 projetos de cooperação diretos ou regionais nos quais o Irã está envolvido.
Esta medida, no entanto, poderá ser modificada pelos representantes dos 35 países do Conselho de Governadores da AIEA, que se reunirão no dia 5 de março em Viena.
O texto prevê "a cooperação técnica" com o Irã apenas para "fins alimentares, agrícolas, médicos, de segurança ou humanitários", mas em nenhum caso "para atividades nucleares".
O urânio altamente enriquecido serve para fabricar bombas atômicas. O Ocidente - com os Estados Unidos à frente - teme que este seja o verdadeiro fim do programa nuclear dos iranianos, que afirmam ter um objetivo exclusivamente civil.
O informe e a reunião de março ocorrem num momento de escalada da tensão entre o Ocidente e o regime dos aiatolás por suas atividades nucleares.
Washington pediu uma interpretação rigorosa da resolução contra o Irã, segundo uma nota distribuída na sede da AIEA na capital austríaca, à qual a AFP teve acesso.
Um diplomata de um país não-alinhado próximo à Agência precisou que "a interferência política nos programas de ajuda e cooperação é algo que os países desenvolvidos não olharão positivamente".
O organismo da ONU responsável pela segurança nuclear mundial tem, entre seus objetivos principais, a promoção do uso pacífico da energia nuclear.
(UOL Notícias, 09/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/02/09/ult34u174329.jhtm