Alemanha aceita limite de emissão de CO2 imposto pela UE
2007-02-12
A Alemanha cedeu à Comissão Européia (Poder Executivo da União Européia, UE) no impasse em torno dos limites de emissão de gases do efeito estufa para 2008-2012, afirmando que não contestaria as metas fixadas pelo órgão.
A direção da UE exigiu, em novembro, que a Alemanha observasse um limite 6% menor que o inicialmente sugerido pelo governo alemão.
O impasse ameaçava colocar o país mais poluente da Europa em maus lençóis. A Alemanha vem dizendo que quer fazer do combate ao aquecimento global o carro-chefe de seus mandatos à frente da UE e do G8 (grupo das sete maiores economias industriais, mais a Rússia).
O governo alemão aceitou o limite imposto pelo Executivo do bloco europeu, mas afirmou ter obtido, em troca, algumas vantagens, não especificadas.
"Conseguimos ver aceitos vários de nossos argumentos, mas na questão das cotas não houve mudanças," disse Ulrich Wilhelm, porta-voz do governo alemão, em uma entrevista coletiva.
"A Alemanha não contestará as metas de emissão de gás carbônico impostas pela Comissão Européia", acrescentou.
Segundo as regras imperantes no mercado de cotas de emissão de gás carbônico da UE, as indústrias que consomem muita energia, como as geradoras de eletricidade, recebem autorização para emitir a substância até um certo limite, acima do qual precisam comprar cotas extras de emissão.
Uma das exigências da Alemanha era de que as indústrias tivessem autorização para comprar cotas extras de poluição em até um quinto da cota da UE custeando, por meio de um mecanismo previsto no Protocolo de Kyoto, cortes de emissão em países em desenvolvimento. Essa seria uma alternativa mais barata.
No entanto, nem o governo alemão e nem o Executivo da UE quiseram dizer se o país havia conseguido autorização para a manobra.
Na sexta-feira (9/2), depois de o governo alemão ter decidido aceitar as cotas de emissão, a Comissão Européia elogiou o país por dar um exemplo na luta contra as mudanças climáticas.
O comissário europeu do Meio Ambiente, Stavros Dimas, insistiu que o Executivo do bloco não havia feito nenhum acordo especial com a Alemanha, a fim de convencê-la a baixar seu limite de emissão.
A Alemanha aceitou o limite imposto pela UE de 453,1 milhões de toneladas por ano nas emissões de gás carbônico para sua indústria, limite a ser observado no próximo período de atividade do mercado de carbono do bloco, de 2008 a 2012.
O Executivo da UE rejeitou as propostas do país, que sugeriu primeiro um limite de 482 milhões de toneladas, e depois um limite de 465 milhões de toneladas.
Uma porta-voz da Comissão Européia disse que o órgão havia indicado informalmente à Alemanha que pedidos para mudar alguns pontos do plano de emissões poderiam ser aceitos, se o país fornecesse maiores informações.
(O Estado de S. Paulo, 09/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/fev/09/220.htm