Magnata britânico oferece US$ 25 milhões por plano para eliminar CO2
emissões de co2
2007-02-12
O magnata britânico Richard Branson, proprietário da marca Virgin - que inclui, entre outros negócios, uma empresa aérea e uma companhia de turismo espacial - lançou uma oferta de US$ 25 milhões (mais de R$ 50 milhões) por pesquisas científicas que levem a um meio de retirar gases causadores do efeito estufa do ar.
O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, deu seu apoio ao desafio, que Branson comparou ao prêmio oferecido, no século 17, por um meio para a determinação de longitudes em alto mar.
Branson espera que o prêmio leve à criação de uma máquina capaz de remover dióxido de carbono da atmosfera, uma idéia que cientistas consideram viável.
Um importante relatório internacional, publicado no dia 2/2, adverte que o aquecimento global é um fato e que mudará o mundo nos próximos séculos. "A humanidade criou o problema, logo a humanidade deve resolver o problema", disse Branson.
Ao fazer a comparação com o prêmio da longitude, Branson lembrou que o ganhador, o relojoeiro John Harrison, precisou de 60 anos para chegar a uma solução. "A Terra não pode esperar 60 anos. Precisamos que todas as pessoas com capacidade de achar uma resposta se dediquem a isso hoje", afirmou.
O engenheiro David Keith, da Universidade de Calgary, que tem uma patente provisória de tecnologia para captura de CO2, disse que "não há mistério nisso, é tudo uma questão de custo".
"Todas as plantas no meu escritório fazem isso", disse ele. A chave, afirma, é tornar o processo eficiente em termos de custo. "É tudo uma questão de preço". Keith diz que sua tecnologia deverá ser capaz de capturar carbono a US$ 300 a tonelada.
Em 2005, o Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática concluiu que a tecnologia de captura de CO2, se aplicada de modo agressivo, poderia responder por até metade dos esforços mundiais para combater e reduzir o aquecimento global. Segundo o relatório, a parte crucial é aprisionar a substância e mantê-la longe da atmosfera.
O especialista em clima Andrew Weaver, da Universidade de Victoria, no Canadá, afirma que garantir que o dióxido de carbono ficará no subsolo, depois de capturado, é um ponto crítico. Usar poços de petróleo - da onde boa parte do CO2 veio, em primeiro lugar - seria um passo lógico, segundo ele.
Especialistas concordam que o desafio de Branson é complexo, já que nenhuma tecnologia de captura de carbono existe em ação. Cientistas escandinavos já enterram emissões de CO2 antes que cheguem à atmosfera, mas ninguém ainda capturou o gás uma vez que ele tenha se misturado com o ar.
(O Estado de S. Paulo, 09/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/fev/09/299.htm