Deputada cobra da CVRD transparência em licenciamento
2007-02-09
A empresa que está licenciando a construção de sua 8° usina de pellets vem enfrentando a resistência de ambientalistas capixabas devido à localização do empreendimento. Na Ponta de Tubarão são produzidos poluentes como as PMs 2 e 10, sendo estes, no caso das usinas I e II da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), por exemplo, despejadas in natura no ar da Grande Vitória. Essas partículas podem ficar retidas nos pulmões dos capixabas causando doenças.
Ao todo, mais da metade da população da Grande Vitória tem sua saúde afetada pela poluição do ar. A CVRD e a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) lançam sobre os moradores 264 toneladas/dia de poluentes, só no ar. São 96.360 toneladas/ano de agentes que afetam o meio ambiente e a saúde, segundo informações divulgadas na Assembléia Legislativa em 2001.
Para a deputada, não há dúvida de que o empreendimento poderia ser construído em um espaço mais adequado. "A Ponta de Tubarão não agüenta mais tanta poluição. Eu fui uma criança aqui que não conhecia praticamente nenhuma outra criança com bronquite, alergias ou outros tipos de doenças respiratórias. Hoje em dia, o difícil é encontrar uma criança que não tenha esses problemas respiratórios. Antes isso era uma exceção e hoje é uma constante", disse.
As usinas da CVRD em Tubarão começaram a ser instaladas no final da década de 60. Formam um complexo com sete usinas de pelotização, com capacidade total de produção de 25 milhões de toneladas de pelotas/ano. Duas usinas pertencem exclusivamente à Vale e as demais foram implementadas em regime de coligadas - joint ventures - com grupos siderúrgicos do Japão, Espanha, Itália e Coréia do Sul.
Sem a participação efetiva da sociedade e de ambientalistas no acompanhamento e definições das condicionantes, a CVRD deverá conseguir sua licença e dar um up-grade na poluição da Grande Vitória. "O crescimento que traz morte nós não queremos. Esse traz morte das células, das águas, das matas, do ar, e isso nós não podemos permitir", ressaltou.
Segundo os dados da CPI da poluição, engavetada em 1996, além do incômodo, o pó preto lançado pelas poluidoras do Estado, como as companhias Vale do Rio Doce (CVRD) e Siderúrgica de Tubarão (CST) contribuiu para que 1,8% da população da Grande Vitória seja atendida nos postos médicos por sofrerem com doenças causadas pela poluição. O relatório da CPI aponta a localização das empresas no Complexo de Tubarão e no Planalto Serrano como imprópria para instalação dos empreendimentos.
O processo de licenciamento da CVRD está em andamento e aguardando uma reunião entre o Ministério Público, sociedade civil organizada e Instituto Estadual de Meio Ambiente, para esclarecer as dúvidas e fazer as exigências necessárias para o processo. A reunião ainda não tem data marcada.
(Por Flávia Bernardes, Século Diário - ES, 08/02/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/fevereiro/08/noticiario/meio_ambiente/08_02_08.asp