Negociação sobre o programa nuclear norte-coreano é retomada
2007-02-09
As negociações multilaterais em torno do programa nuclear da Coréia do Norte foram retomadas nesta quinta-feira (08/02) depois de um enviado norte-coreano ter manifestado prontidão para conversar sobre os passos iniciais de um eventual desarmamento do país, aumentando a expectativa em torno do primeiro avanço palpável nos contatos iniciados há mais de três anos.
"Estamos preparados para discutir os estágios iniciais", declarou o enviado nuclear norte-coreano Kim Kye Gwan, ao desembarcar em Pequim para as negociações multilaterais, retomadas em um palácio para hóspedes do governo chinês. As negociações multilaterais em torno do programa envolvem China, EUA, Japão e Rússia, além das Coréias do Norte e do Sul.
Especialistas norte-americanos que visitaram Kim na semana passada em Pyongyang disseram que a Coréia do Norte parecia propensa a oferecer o desligamento de seu principal reator nuclear em troca de ajuda energética e da normalização das relações com Washington.
Ao chegar a Pequim, porém, Kim salientou que qualquer avanço proporcionado pela Coréia do Norte dependerá da atitude dos Estados Unidos. "Nós chegaremos a uma decisão depois de analisarmos se os norte-americanos abandonarão sua política hostil e partirão na direção de uma coexistência pacífica", declarou Kim.
Em duas ocasiões, a Coréia do Norte boicotou as negociações multilaterais por mais de um ano por causa de atitudes norte-americanas interpretadas por Pyongyang como provas de que o governo dos EUA pretendia derrubar o regime comunista norte-coreano. "Não estou otimista nem pessimista porque ainda há muitos pontos de divergência que precisam de uma solução", disse Kim.
Apesar disso, seus comentários marcam uma mudança de postura da Coréia do Norte em comparação com a última rodada de negociações, em dezembro do ano passado, quando Kim recusou-se inclusive a discutir o desarmamento enquanto os EUA não suspendessem as sanções financeiras impostas a Pyongyang.
Mais cedo, o enviado norte-americano Christopher Hill alegou ter percebido um "verdadeiro desejo de progresso" por parte dos norte-coreanos.
(Jornal do Comércio, 09/02/2007)
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