Ministérios Públicos de MG e do RJ unem-se para monitoramento da bacia do Paraíba do Sul
desastre de cataguases
gestão de substâncias químicas
2007-02-09
Numa iniciativa pioneira, os Ministérios Públicos dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro assinaram, recentemente, um termo de cooperação técnica que vai possibilitar o monitoramento conjunto dos rios que formam a bacia hidrográfica do Paraíba do Sul. O acordo foi firmado pelos
procuradores-gerais de Justiça Jarbas Soares Júnior e Marfan
Martins Vieira, de Minas e do Rio, respectivamente, em solenidade na
sede da Procuradoria-Geral de Justiça do Rio de Janeiro.
A cooperação entre os dois órgãos vai contribuir para a prevenção de acidentes como o rompimento da barragem de uma empresa mineradora, que trouxe
prejuízos para três municípios mineiros e quatro fluminenses. O
objetivo é estabelecer uma ação integrada que permita a fiscalização,
conservação e recuperação ambiental do Paraíba do Sul e seus
afluentes nos territórios dos dois estados.
A bacia do rio Paraíba do Sul tem um histórico de acidentes com
grandes prejuízos para o meio ambiente. Segundo o procurador-geral
de Justiça, Jarbas Soares Júnior, o monitoramento conjunto
vai permitir a troca de informações sobre os bens ambientais e riscos a
que estão expostos. Pelo acordo, poderão ser formados grupos de
órgãos de execução para tomar todos os procedimentos necessários
para solucionar problemas, agindo preventivamente.
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, disse
que o termo de cooperação vai permitir que promotores do Rio
tenham acesso a dados do MP de Minas com mais rapidez, garantindo
ações preventivas mais eficazes. "Os rios da bacia do Paraíba do Sul
nascem em Minas Gerais, mas deságuam no Rio de Janeiro. O que
acontece lá nos atinge diretamente. Só com uma atuação conjunta
poderemos desenvolver uma atividade preventiva", ressaltou.
A bacia do Rio Paraíba do Sul situa-se na região Sudeste do Brasil e ocupa
aproximadamente 55.400 quilômetros quadrados, compreendendo os estados de São Paulo (13.500 km2), Rio de Janeiro (21.000 km2) e Minas Gerais (20.900
km2). A área abrange 180 municípios, com uma população total de 5,5 milhões, da qual 88,79% vivem nas regiões urbanas. É considerada, em superfície, uma das
três maiores bacias hidrográficas secundárias do Brasil.
A bacia do Rio Paraíba do Sul é especialmente sujeita a acidentes,
não só pela expressiva concentração de indústrias de grande potencial
poluidor, como pela densa malha rodo-ferroviária, com intenso
movimento de cargas perigosas que trafegam pelas rodovias Presidente
Dutra (Rio-São Paulo) e BR-040 (Rio-Juiz de Fora), e acidentes ocorridos
em outros estados que chegam até o Paraíba através de seus rios
afluentes.
Os desmatamentos nas margens da bacia são os principais
responsáveis pelo assoreamento. Contudo, a mais notória fonte de
poluição são os efluentes domésticos e os resíduos sólidos
oriundos das cidades de médio e grande portes localizadas às
margens do rio. Membros dos MPs de Minas e do Rio de Janeiro estabelecem acordo de cooperação. Os Ministérios Públicos Federal e dos Estados
de Minas Gerais e Rio de Janeiro, a Mineração Rio Pomba Cataguases e órgãos ambientais mineiros firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC) para que sejam adotadas medidas emergenciais para minimizar danos e riscos à população e ao meio ambiente decorrentes do rompimento da barragem Fazenda São Francisco, em Miraí, na Zona da Mata, no dia 10 de janeiro.
Um dos compromissos acertados é o fim da exploração de bauxita naquela fazenda no prazo de 180 dias. O plano de encerramento deve ser
aprovado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam), que assinou o acordo, assim como o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o
Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).
Entre os compromissos assinados, destaca-se a instalação de uma representação da Mineração Rio Pomba em cada município atingido, com o objetivo de garantir o ressarcimento dos danos materiais e morais causados às vítimas do
acidente. Os cidadãos interessados poderão solicitar a indenização sem a necessidade de discussão na Justiça.
A Rio Pomba Cataguases também terá que identificar as áreas de risco de deslizamentos surgidas após a onda de lama decorrente do acidente. A partir da data de assinatura do TAC, a empresa tem o prazo 30 dias para entregar o
diagnóstico e um plano de recuperação. Caberá igualmente à mineradora monitorar diariamente a qualidade da água e analisar semanalmente os
elementos tóxicos liberados pelo vazamento. Se descumprir o acordo, terá de pagar uma multa de R$ 100 mil por dia de atraso.
Esse é um acordo preliminar para garantir a segurança da população local no curto prazo. Como garantia de cumprimento das obrigações
previstas, a mineradora deverá depositar R$ 2 milhões como caução numa conta judicial aberta para esse fim.
O rompimento da barragem de resíduos
causou vários danos ambientais à população dos municípios mineiros de Miraí, Muriaé, Patrocínio de Muriaé e das cidades fluminenses Itaperuna e
Lage do Muriaé, além de danos ambientais aos municípios de Italva e Cardoso Moreira, no Rio de Janeiro.
(Assessoria de Comunicação/Ministério Público do Estado de Minas Gerais, 08/02/2007)