Os baianos já estão sentindo os efeitos do aquecimento global. No início da temporada deste verão, os meteorologistas da Superintendência de Recursos Hídricos (SRH) já registraram uma média de temperaturas acima dos 35ºC, chegando a picos de 38ºC no mês de janeiro, ao contrário do Verão de 2006, que alcançou uma média de 32ºC.
"Este é sem dúvida o verão mais quente da história e a tendência é o calor aumentar, já que não temos como voltar atrás. A palavra de hoje é adaptar-se com o que está acontecendo no mundo", afirmou o meteorologista da SRH, Heráclio Souza. A previsão é que janeiro, fevereiro e março registrem médias elevadas de 38 graus.
O departamento de meteorologia da SRH, que existe de 1995, é o único que faz o monitoramento contínuo das condições meteorológicas do Estado dentro do próprio Estado da Bahia. O acompanhamento das previsões é importante para o planejamento governamental e a tomada de decisões nas ações do governo nas áreas da Defesa Civil, Agricultura e Recursos Hídricos.
No site da SRH, Superintendência de Recursos Hídricos, qualquer pessoa pode acessar a previsão diária de tempo, o monitoramento pluviométrico, a previsão climática trimestral - previsão de longo prazo - e o boletim agro-meteorológico semanal. A previsão tem entre 90% e 95% de acerto.
O meteorologista da SRH, Heráclio Souza, alertou que o semi-árido baiano -porção centro-norte do Estado - é a região que mais sofre as conseqüências do aquecimento global devido à grande exposição de superfícies com vegetação rasteira, ou seja, caatinga, que recebem sol o ano inteiro. Isto porque quanto maior o desmatamento, o solo exposto ou a impermeabilização pelo asfalto, maior o aquecimento da superfície e a sensação de desconforto térmico, explicou ele.
"Os produtores do semi-árido perderam toda a agricultura até agora, principalmente os pequenos agricultores, que dependem só da chuva para a produção - agricultura de sequeiro. Eles esperam pelas chuvas o ano inteiro e dependem dela para sobreviver. E as perspectivas não são boas em relação para este ano, que já registra um déficit de chuvas no período dezembro/janeiro/fevereiro", alerta Heráclio. Os pequenos pecuaristas também estão sendo castigados com a falta de chuva.
O grande responsável pelo aumento da temperatura no mundo é a ação humana, através da alta emissão de dióxido de carbono na atmosfera liberados pela queima de combustíveis fósseis e as queimadas, que também liberam gases e retiram oxigênio da atmosfera. "A grande concentração de dióxido de carbono faz com que aconteça o efeito estufa, que é como um tampão - bloqueio de gases - que impede que a radiação saia da atmosfera. A quantidade de gases emitida pelo homem é muito maior do que a que é dissipida na atmosfera, deixando o calor concentrado na Terra", explicou Souza.
O aquecimento global tem sido percebido também em outros eventos externos, como a ocorrência de furacões muito mais intensos nos anos de 2005 e 2006 em decorrência do aquecimento das águas do Oceano Pacífico (El Niño), que altera toda a circulação da atmosfera. O Nordeste brasileiro é uma das regiões que mais sofrem com o fenômeno, que está altamente relacionado com a seca no nordeste e as enchentes na região sul do país.
Cada um pode fazer sua parte para reduzir o efeito estufa através de ações simples, "como plantar árvores", fazer rodízio de carros com amigos, colegas e parentes e cobrando ações governamentais para exigir que indústrias poluam menos e não dependam tanto de combustíveis fósseis. "Não podemos ficar esperando que no futuro as coisas piorem, e nem esperar que só o outro tome uma atitude. A consciência tem que ser de todos nós", alertou o meteorologista.
(Assessoria de Comunicação SRH-BA, 07/02/2007)