Planos preventivos como os do Brasil podem impedir aquecimento global, avalia MCT
2007-02-08
Se depender dos esforços brasileiros, o cenário traçado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) para as mudanças climáticas no planeta até o fim do século não se concretizará, na avaliação do coordenador geral de Mudanças Globais do Clima do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), José Domingos Miguez.
"O Brasil é limpo, e a política é que (se) mantenha limpo", diz Miguez, que também fez parte do grupo de pesquisadores do IPCC que divulgou na semana passada o relatório. O documento prevê o aquecimento climático da Terra em até 4 graus Celsius até o fim deste século. "O Brasil tem um perfil muito limpo no setor energético. A idéia é que aumente ainda mais com biodiesel, com carvão vegetal."
De acordo com Miguez, as previsões de aquecimento global do IPCC se baseiam na premissa de que os países não implementem nenhuma ação para combater o problema. “Eles [IPCC] não supõem que os países tenham planos preventivos. É um cenário futuro, caso nada seja feito”. O coordenador ressaltou ainda que são perspectivas distantes, já que a previsão deste cenário é para o ano de 2100.
O Brasil é um dos países que faz parte do Protocolo de Quioto (acordo internacional para reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa). Miguez lembra que vai praticamente quintuplicar o número de projetos brasileiros participantes do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido pelo acordo de Quioto.
Por meio do MDL, as empresas dos países que têm metas de redução das emissões de carbono podem financiar projetos ambientalmente sustentáveis em países em desenvolvimento, de tal forma que esse investimento gera créditos que substituem o que deveria ser feito em seus próprios territórios. Hoje, segundo Miguez, 206 projetos brasileiros participam do MDL. Esse total deve chegar a mais de 1.000 em 2012.
“O Brasil precisa reduzir a emissão desses gases combatendo os desmatamentos e queimadas. Nós somos diferentes dos países energéticos, que têm como maior vilão a poluição com combustível fóssil, por exemplo”, disse, em referência à queima de derivados de petróleo e gás natural.
Ontem (7/2) a Comissão Interministerial sobre Mudança Climática, dirigida por Miguez, reuniu-se no MCT para discutir propostas do MDL para 2007.
(Por Bárbara Lobato, Agência Brasil, 07/02/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/02/07/materia.2007-02-07.6570374624/view