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2007-02-08
Uma desova de tartaruga-gigante foi registrada em Praia Formosa, no município de Aracruz (ES), segundo relatou o cineasta e artista plástico Tião Fonseca. O fato é inédito, pois a reprodução da espécie ocorre nas praias de Comboios e Povoação, no muncipio de Linhares. Fora desses locais, apenas um registro foi feito de desova da tartaruga-gigante em Jacaraípe, na Serra.

No Brasil, a tartaruga-gigante, também conhecida como tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), só desova no litoral capixaba. O registro da Serra, de um único ninho, foi na temporada de 2002/2003.

Segundo Tião Fonseca, cinco ninhos da tartaruga-gigante foram localizados em Praia Formosa. Relata que a tartaruga foi avistada por dona Isalda, moradora da região, durante uma caminhada na praia. O cineasta registra que a comunidade está "orgulhosa e vigilante" em relação aos ninhos.

Informou que a desova foi presenciada há uma semana e que, acionado, o Projeto Tamar demarcou a área e colocou proteção metálica sobre o ninho. Mas destaca que a placa indicativa do ninho está com letras apagadas.

Nas áreas de desova de tartarugas marinhas é necessária a adaptação da iluminação, pois em postes convencionais ela desorienta os animais. Tião Fonseca indaga o que está acontecendo com as tartarugas marinhas, considerando que as desovas ocorrem fora dos locais tradicionais. "Por que as tartarugas estão entrando ali? O que é preciso fazer para protegê-las?", quer saber o cineasta.

Ele registra um outro caso ocorrido na região. Uma tartaruga-gigante buscava desovar no mangue de Piraquê-açu. Um morador de Santa Cruz, que é biólogo, reorientou a fêmea, que voltou ao mar.

Tião Fonseca afirma que a opinião corrente na região é que o registro de desova de tartaruga-gigante na Praia Formosa é um reforço à proposta de criação do Refúgio de Vida Silvestre (Revis) de Santa Cruz e a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas, que estão sendo criados no litoral de Aracruz.

Essas unidades preservarão um ecossistema de importância planetária, que vem sendo destruído pela pesca predatória e outras atividades realizadas ilegalmente. O Revis e a APA não prejudicarão atividades industriais na região.

O site do projeto Tamar informa que o Espírito Santo "abriga o único ponto no Brasil com concentração de desovas da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), a espécie mais ameaçada de extinção em território brasileiro e uma das dez espécies de animais marinhos mais ameaçadas no mundo, e o segundo maior ponto de concentração de desovas da Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta)".

Registra ainda que a tartaruga-gigante é encontrada em todos os oceanos tropicais e temperados do mundo e seu habitat é principalmente o alto-mar, sendo eventualmente encontrada em baías e estuários, durante a desova. Seu tamanho é de até dois metros de comprimento curvilíneo de carapaça, com peso médio de 500 quilos, podendo atingir até 700 quilos. É cinzenta-escura ou preta, com pontos brancos e se alimenta essencialmente de medusas.

No Espírito Santo, ainda que em menor quantidade, reproduzem-se também as tartarugas-de-pente (Eretmochelys imbricata) e oliva (Lepidochelys olivacea). O estado é ainda importante área de alimentação da Tartaruga-verde (Chelonia mydas"). Existem sete espécies de tartarugas marinhas, agrupadas em duas famílias - a das Dermochelyidae e a das Cheloniidae. Dessas, cinco são encontradas no Brasil.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 07/02/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/fevereiro/07/noticiario/meio_ambiente/07_02_09.asp

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