Apesar dos riscos, casas são mantidas na areia na praia de Magistério
2007-02-08
Passados dois anos desde que a areia provocou o desabamento de uma residência, tirando a vida de duas crianças na praia de Magistério, em Balneário Pinhal, pelo menos 79 famílias ainda resistem à invasão das dunas, morando indevidamente sobre a área de preservação ambiental do Litoral Norte.
Algumas casas, visivelmente fragilizadas pela ação do tempo, chegam a ter como vizinhos até dois metros de areia acumulada, que pressionam as paredes. Foi de forma semelhante que os cômoros avançaram sobre o quarto onde dormiam Fabiana Fochesato Ferreira, de nove meses, e a prima do bebê Maiury Paim Melo de Aguiar, nove anos, no dia 7 de fevereiro de 2005. As crianças chegaram sem vida ao hospital.
Repetindo um gesto de homenagem à filha morta, no último domingo o auxiliar administrativo Maurício Melo, 32 anos, da Capital, depositou flores no local em que perdeu a pequena Maiury. Onde antes havia uma casa geminada, dividida por duas famílias para veraneio, não restam mais do que escombros, por onde alguns banhistas passam em direção ao mar.
- No primeiro ano da morte da Maiury também levei flores ao local e vi que dezenas de casas continuavam entre as dunas. No final de semana, novamente observei essa situação - comenta Melo.
A dona de casa Rose Camargo, 29 anos, teme pelo avanço das dunas. Há dois meses, a mulher, grávida de cinco meses, divide com o companheiro e três crianças a casa ao lado do prédio que desmoronou, matando as meninas em 2005.
- Todos nós dividíamos uma única peça em uma pousada, pagando aluguel de R$ 250. Com o dinheiro que tínhamos, só conseguimos comprar essa casa. Ouço a história das meninas mortas e é claro que sinto medo de estar aqui - diz a mulher.
(Zero Hora, 07/02/2007)
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