A resistência de grupos ligados aos produtores rurais de Rio Pardo abriu uma verdadeira disputa em torno da usina de biodiesel projetada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) para o município. Pelo menos três cidades estão em busca do investimento que deve consumir R$ 4 milhões somente em sua fase inicial.
Entre os que se candidataram para receber o projeto, está Venâncio Aires. Já teria inclusive ocorrido reuniões entre os coordenadores do MPA no Estado e o prefeito Almedo Dettenborn. “Muitas prefeituras já nos contataram oferecendo estrutura para a instalação da usina”, explica o responsável pelo projeto Gilberto Tuhtenhagem. Segundo ele isso está ocorrendo devido à mobilização dos ruralistas que não aceitam o órgão num projeto desse tipo.
Na semana passada a Prefeitura ficou de dar uma resposta quanto à cedência de uma área de 10 hectares destinada ao complexo no qual ocorrerá produção de álcool e extração de biocombustível. Entretanto, depois da pressão contrária, o prefeito Joni Lisboa da Rocha resolveu recuar. “Até agora estamos esperando por uma resposta, mas já abrimos negociações com outras cidades”, disse Tuhtenhagem. Esse plano, inclusive já vinha sendo articulado pelo movimento, caso as tratativas com Rio Pardo não evoluíssem.
Ontem (07/02) ocorreu uma nova reunião, na qual participaram representantes das 10 entidades que são contrárias à iniciativa. Durante os debates surgiu a possibilidade de formar um grupo de trabalho composto por membros do Sindicato Rural, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agência de Desenvolvimento, Cooperativa Agrícola, Associação Rio-pardense de Produtores de Arroz, Cites, Associações Pró-desenvolvimento Rural de Passo da Cavalhada e da Rua Velha e Grupo de Mulheres Rurais.
Amanhã eles voltam a se reunir para avaliar um projeto alternativo voltado à produção de biodiesel no município. De acordo com o presidente do Sindicato Rural, Paulo Ene, esses grupos não são contra o biocombustível, mas rechaçam a parceria com o MPA. “Eles não têm condições de gerir um projeto dessa envergadura”, afirmou.
O coordenador estadual do órgão, Gilberto Tuhtenhagem, afirmou que o projeto é viável e segue a linha adotada em Palmeira das Missões, onde está em funcionamento a Coperbio, uma usina de extração de óleo vegetal destinada à produção de biocombustível.
No caso de Rio Pardo, a previsão era de um investimento de R$ 4 milhões para iniciar a construção de um centro de capacitação e também implantação das lavouras de oleaginosas.
Entenda
O MPA está em busca de uma área de 10 hectares para implantação da estrutura destinada à extração de álcool e óleo vegetal. Na primeira etapa o projeto prevê a construção de um centro de treinamento e instalação de esmagadoras de grãos para extração do óleo vegetal que seria encaminhado para a usina de biodiesel. Em três anos deve ser concluída essa fase, inclusive com a plantação das lavouras de girassol ou mamona. Depois dessa etapa teria início a construção da unidade de produção de biodiesel. Segundo Tuhtenhagem, antes da implantação é necessário preparar uma estrutura para fornecimento de matéria-prima. A previsão é de que sejam produzidos cerca de 400 mil litros de biocombustível ao dia. A escolha de Rio Pardo teria ocorrido por o município possuir linha férrea e estar localizado numa região central, o que possibilitaria o escoamento da produção.
Estiveram presentes na reunião de ontem (07/02) pela manhã no Sanep o diretor-presidente Hélio da Costa Silva e os superintendentes de Projetos e de Operações da autarquia, Eugênio Osório Magalhães e José Ignácio Kaster, respectivamente, além do engenheiro civil Arnaldo Soares. Pela CEF compareceram o gerente de Relacionamento Paulo Silveira, o gerente regional da Superintendência Extremo Sul Evaldir Michielin, a supervisora do Setor de Produtos de Repasse Fernanda Cappelini e a gerente regional de marketing e Comunicação Social, Flávia Kuhn.
(
Gazeta do Sul, 08/02/2007)