Brasil precisa de planejamento ambiental para detectar os efeitos da mudança do clima
2007-02-08
A bióloga Luíza Chomenko, do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, avalia que o governo brasileiro deve iniciar rapidamente um acompanhamento da fauna e da flora do país, a fim de detectar as mudanças que o aumento de temperaturas pode provocar. Só assim, segundo Luíza, os governos poderão planejar medidas para evitar efeitos mais nocivos ao meio ambiente e, conseqüentemente, ao homem.
"A mudança do clima vai mudar tua fauna e tua flora, e assim a tua oferta de alimentos, a tua demanda, entrando em um retrocesso sem limite. Isso é importantíssimo e deveríamos ter estudos sobre isso, mas não temos", analisa Luíza.
De acordo com o relatório "Mudança Climática 2007", divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura global deve aumentar entre 1,8ºC e 4ºC até o final deste século. A elevação das temperaturas ocasionará o degelo das calotas polares e o aumento do nível do mar, atingindo inicialmente as cidades costeiras e litorâneas.
No entanto, os pesquisadores ressaltam que no Brasil, o aquecimento deve provocar especialmente alterações nos chamados climas extremos, caracterizados por pancadas de chuva violentas alternadas com longas secas, ondas de calor e furacões. Na Amazônia e no Nordeste, a previsão é de redução nos períodos de chuva, ocasionando mais estiagens. Nas regiões Sul e Sudeste, aumentariam as enxurradas e os temporais. Em ambos os cenários, haveria prejuízos para a biodiversidade e para a agricultura.
No caso específico do Rio Grande do Sul, que possui duas rotas grandes de migração, o Pampa Gaúcho e a Lagoa dos Patos, o aumento das temperaturas pode levar a danos irreparáveis na fauna e na flora.
"No momento em que tu tens essa mudança da temperatura, vamos ter o desaparecimento de alguns hábitos e ecossistemas animais e vegetais. Afinal, os animais estão acostumadas com uma determinada temperatura, isso é o que está bom para eles. Isso, algumas espécies talvez não sintam, mas outras espécies irão sofrer com os efeitos do aquecimento que se tornará catastrófica depois de um determinado tempo. O aquecimento provocará uma mudança geográfica das espécies. O Rio Grande do Sul é uma área de migração de aves", afirma a bióloga.
Dados de entidades ambientalistas, como a WWF e o Greenpeace, mostram que 75% das emissões de gases estufa no Brasil são originadas pelas queimadas das matas nativas, principalmente da Amazônia. A combustão dos combustíveis fósseis, como o petróleo, vem logo em seguida.
(Agência Chasque, 07/02/2007)
http://www.agenciachasque.com.br/boletinsaudio2.php?idtitulo=f9c1f2654c56e5855eef9dc389ef8e0f