Cúpula de emergência sobre clima ganha apoio, diz ONU
2007-02-08
As pressões feitas sobre Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, para convocar uma cúpula de emergência sobre o clima intensificaram-se na quarta-feira (7/2), quando alguns dos maiores poluidores do mundo disseram que participariam de um encontro do tipo.
Yvo de Boer, chefe do Secretariado das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, afirmou que haviam dado apoio à realização da cúpula o Japão, a Alemanha, a China, a Índia e vários países em desenvolvimento.
As negociações sobre o aquecimento da Terra, marcadas para dezembro, vão tentar elaborar um tratado capaz de suceder o protocolo de Kyoto, que expira em 2012. E Ban vem sendo pressionado para convocar um encontro emergencial entre os líderes mundiais, a fim de fixar as regras básicas para aquela reunião.
Um estudo divulgado na semana passada por importantes cientistas responsabilizou atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, pela intensificação do processo de aquecimento do planeta.
Agora, autoridades da ONU e defensores do meio ambiente esperam que essas descobertas convençam os governos do mundo todo a limitar as emissões de gases do efeito estufa.
Enquanto Ban avalia quanto de apoio político dispõe para convocar a cúpula, de Boer disse estar vendo mais sinais encorajadores - entre os quais, alguns vindos dos EUA, o maior emissor de gás carbônico do mundo.
"O secretário de Energia dos EUA, apesar de rejeitar a noção de limites obrigatórios de emissão (de gases do efeito estufa), disse acreditar que deveria ser elaborada uma resposta global à mudança climática", afirmou o funcionário da ONU. "Segundo minha interpretação, isso significa que precisamos de uma discussão global sobre como avançar nessa questão."
Em seu alerta mais pessimista divulgado até agora, o comitê de especialistas reunido pela ONU disse, na sexta-feira (2/2), que o aquecimento pode aumentar o número de tempestades, enchentes, secas e ondas de calor e provocar a elevação do nível dos oceanos.
E o relatório afirmou ter uma certeza de ao menos 90% de que as atividades humanas eram as responsáveis pela maior parte do aquecimento verificado nos últimos 50 anos.
Essa cifra é maior do que a probabilidade de 66% constante do relatório anterior, elaborado em 2001 pelo mesmo grupo, que reúne 2.500 cientistas.
O protocolo de Kyoto obriga 35 países desenvolvidos a cortar, até 2012, as emissões de gases do efeito estufa para níveis 5% inferiores aos registrados em 1990.
O desafio para qualquer acordo elaborado para suceder esse tratado é convencer os EUA e países como a China e a Índia, cujas economias crescem em alta velocidade, a adotar limites obrigatórios de emissão.
Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), disse que os políticos de cada país tinham de tomar a dianteira do processo: "Se não houver uma vontade política nas discussões deste ano, então acho que vamos nos deparar com uma situação de avanços muito lentos, ou até impossíveis."
(O Estado de S. Paulo, 07/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/fev/07/228.htm