Alemães planejam construir uma ilha para se adaptar às mudanças climáticas
2007-02-08
Engenheiros alemães estão considerando a criação de uma “ilha-barreira” na costa do Mar do Norte como uma maneira para se proteger contra o aumento do nível do mar causado pelo aquecimento global, um representante oficial declarou durante uma grande conferência na quarta-feira (7/2).
O diretor geral de planejamento espacial, Ineke Bakker, revelou a proposta em um discurso no início do fórum sobre desenvolvimento costeiro. O encontro, realizado em Amsterdã, reúne especialistas dos Estados Unidos, Países Baixos, China, México, Emirados Árabes, e Grécia, entre outros, para trocar idéias e discutir projetos em andamento em regiões ameaçadas por enchentes.
Mais de dois terços da população de 16 milhões de pessoas dos Países Baixos vivem abaixo do nível do mar, e os tomadores de decisão alemães estão prevendo um aumento deste nível de cerca de 80 centímetros ao longo dos próximos 100 anos.
Bakker citou uma estratégia cada vez mais utilizada para fortalecer as dunas que protegem a costa do país:bombear areia para pontos estratégicos no mar, onde fazendo com que as correntes do Mar do Norte a carregasse para a beira e provocasse o aumento das dunas. “Esta estratégia é bem sucedida e relativamente barata” para fortalecer as defesas hídricas do país, disse Bakker.
“Poderíamos utilizar uma abordagem mais natural e similar no fortalecimento das nossas defesas costeiras a longo prazo. Por exemplo, criando uma série de pequenas ilhas ao longo da costa...ao invés de aumentar as atuais dunas ou represas.”
Em dezembro, o governo alemão aprovou um aumento de €14 bilhões (US$18.5 bilhões) nos gastos com segurança hídrica e melhoria da qualidade da água ao longo dos próximos 20 anos.
Projetos equivalentes a €3 bilhões (US$4 bilhões) já foram aprovados contra a ameaça de enchentes causadas por rios. Como prevê os modelos climáticos alemães, o aquecimento global levará a precipitações mais abruptas sobre o Reno, cuja água escorre como um funil sobre os Países Baixos a caminho do mar.
O país também gasta anualmente €500 milhões (US$660 milhões) na manutenção do seu sistema de diques, tanto no mar como nos rios, que datam da época medieval.
Mas Schultz disse que é preciso mais recursos para se precaver contra os piores cenários. “Estou convencido que nossos esforços não devem ser voltados exclusivamente na prevenção de enchentes,” disse ele. “Também precisamos focar muito mais sobre o impacto de uma enchente.”
Schultz e outros oficiais se reuniram para discutir um grande canal de evacuação que deve ser construído em 2008, e que está em fase de planejamento. “Também precisamos ter a coragem (política) de fazer uma distinção entre as áreas densamente povoadas que são vulneráveis e não podem ser alagadas, e as áreas que podem”, disse Schultz.
“Precisamos preparar planos e exercícios de emergência na eventualidade de futuros desastres,” disse ele, adicionando: “Não existe segurança completa.”
(International Herald Tribune, traduzido por Fernanda Muller, CarbonoBrasil, 07/02/2007)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=17670&iTipo=5&idioma=1