Greenpeace propõe o fim dos fósseis
2007-02-07
Órgão ambientalista quer revolução energética, com domínio total de fontes renováveis. É possível um país ser abastecido quase que totalmente por energias renováveis? Para o Greenpeace, organização não-governamental, a resposta é "sim", mesmo quando se trata de uma país com grandes dimensões como o Brasil. Segundo estudo divulgado sexta-feira (2/2) pela entidade, até 2050, é possível eliminar por completo da matriz energética brasileira combustíveis fósseis como o carvão e o óleo combustível, sem comprometer o crescimento econômico do País.
Chamado de "Revolução Energética - Brasil", o relatório da entidade ambientalista contou com a colaboração do Centro Aeroespacial da Alemanha e do Grupo de Engenharia de Energia e Automação de Elétricas (Gepea), da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho apresenta cenários futuros para a geração e distribuição de eletricidade no Brasil até 2050, com base em avaliações de aumento populacional, crescimento do Produto Interno Bruto e fontes e tecnologias de energia disponíveis.
Pela "revolução" proposta pelo Greenpeace, o óleo combustível, carvão e a energia nuclear seriam substituídos por fontes renováveis como biomassa e energia eólica e solar.
Segundo dados levantados pela entidade, em 2005, 84% da energia elétrica gerada no Brasil vinha de usinas hidrelétricas, 4% de biomassa, 4% de gás natural, 4% de diesel e óleo combustível, 3% de nuclear e 1% de carvão. No cenário do proposto pelo Greenpeace para 2050, a matriz elétrica brasileira ficaria dividida em: 38% hidrelétrica, 26% biomassa, 20% eólica, 12% gás natural e 4% solar.
Além disso, de acordo com o órgão ambientalista, a ênfase em medidas de eficiência energética resultaria na economia de 413 Twh/ano (Terawatt hora por ano), o equivalente à capacidade de geração de mais de 4 usinas como Itaipu. "Para competir, vamos ter que economizar energia. Para atender a crescente demanda é necessário pensar com mais seriedade, chamando a atenção para o desperdício e também para a definição de políticas públicas mais agressivas", disse o diretor de campanhas do Greenpeace, Marcelo Furtado.
Para Furtado, "é preciso agir com rapidez, pois os estudos demonstram que, em duas décadas, os impactos gerados pela emissão de gases do efeito estufa e o desmatamento na Amazônia terão grandes influências no planeta".
A eficiência energética, de acordo com o Greenpeace, poderá trazer redução de R$ 110 bilhões nos custos com suprimento em 2050. Na avaliação do órgão, no cenário traçado pelo governo os custos anuais de suprimento de eletricidade poderão chegar a R$ 530 bilhões em 2050, podendo ser reduzido a R$ 350 bilhões caso ocorra a "revolução", que inclui investimentos da ordem de R$ 70 bilhões por ano em medidas de eficiência energética. "O que é fundamental são os investimentos do setor privado e políticas públicas agressivas", disse o pesquisador André Gimenes, que coordenou o trabalho na USP.
(Carbono Brasil, 06/02/2007)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=17617&iTipo=6&idioma=1