China está disposta a inibir queima de carvão, diz autoridade
2007-02-07
A principal autoridade chinesa para as questões climáticas afirmou nessa terça-feira (06/02) que o governo do país está determinado a limitar o uso de combustíveis fósseis, cuja queima é a principal responsável pelo aquecimento global.
Mas Qin Dahe, chefe da Agência Meteorológica da China, não quis responder se o país, um dos grandes poluidores do mundo, aceitaria cumprir metas de corte na emissão de gases do efeito estufa.
A autoridade afirmou que os líderes chineses estão preocupados com a possibilidade de o aquecimento da Terra, fenômeno responsável por tornar mais drásticas as enchentes, as secas e as ondas de calor, minar seus planos de desenvolvimento.
"O governo chinês encara com muita seriedade a questão das mudanças climáticas", disse Qin, em uma entrevista coletiva. "O presidente Hu Jintao afirmou que as mudanças climáticas não são apenas uma questão ambiental, mas também uma questão de desenvolvimento, ou basicamente uma questão de desenvolvimento."
Qin era um dos co-presidentes do painel da Organização das Nações Unidas (ONU) que, na semana passada, divulgou um relatório afirmando ser quase certeza que o acúmulo na atmosfera de gases do efeito estufa produzidos por fábricas, usinas de energia e veículos automotores era o principal responsável pelo aquecimento.
Questionado sobre o que a China pretendia fazer, Qin deixou claro o comprometimento do país em tornar 20 por cento mais eficiente, nos próximos anos, o dispêndio de energia, e de garantir que a China diminua sua dependência em relação ao carvão, uma das maiores fontes dos gases do efeito estufa.
"Esse é um objetivo ambicioso e extremamente difícil de ser atingido", afirmou. "O governo mostra-se bastante comprometido com essa demanda."
Muitos defensores do meio ambiente também defendem uma ampliação do Protocolo de Kyoto, que obriga 35 países industrializados a cortarem suas emissões de gases do efeito estufa até 2012, mas que isenta desse tipo de obrigação os emissores do bloco de países em desenvolvimento, entre os quais a China e a Índia.
Mas Qin não respondeu diretamente nenhuma pergunta sobre se os chineses aceitariam cumprir metas de emissão, preferindo, ao invés disso, ressaltar que a China precisava comprar tecnologia de energia limpa.
"Na qualidade de país em desenvolvimento que cresce rapidamente e que possui uma grande população, precisaríamos de muito dinheiro para transformar profundamente a estrutura energética e usar fontes limpas de energia", afirmou Qin.
Os comentários da autoridade foram a primeira reação declarada da China ao relatório sobre o clima do painel da ONU e refletem a incômoda e contraditória posição em que se encontra o país, que é ao mesmo tempo um dos maiores produtores de gases do efeito estufa e uma das maiores vítimas em potencial das mudanças climáticas.
A China caminha para, em 2008, transformar-se na terceira maior economia do mundo, superando a Alemanha e ficando atrás apenas do Japão e dos EUA. Mas esse crescimento vem sendo alimentado por termoelétricas movidas a carvão e fábricas altamente poluentes.
(Reuters, 06/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/02/06/ult729u64537.jhtm