China culpa países mais desenvolvidos pelo aquecimento global
2007-02-07
Pequim acusou nesta terça-feira (06/02) os países mais desenvolvidos de serem os responsáveis pelo aquecimento global do planeta e anunciou que a China não tem planos para acabar com a dependência energética do carvão e de outros materiais poluentes.
"As alterações climáticas são o resultado de ininterruptas emissões por parte dos países desenvolvidos e de sua elevada emissão per capita", disse a porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Jiang Yu, destacando a importância da firma do Protocolo de Quioto por parte dos países mais industrializados.
"Os países desenvolvidos deveriam dar exemplo, assumindo a responsabilidade na redução de suas emissões de acordo com o Protocolo de Quioto", acrescentou a porta-voz da diplomacia chinesa.
EUA e Austrália
Os Estados Unidos e a Austrália foram os únicos países desenvolvidos que não assinaram este protocolo ambiental em 1997. O pacto, das Nações Unidas, obriga os países signatários a reduzir as emissões de seis gases de efeito estufa responsáveis por alterações climáticas.
A China depende em 70% do carvão para suas necessidades energéticas, e em 2010 ultrapassará os Estados Unidos como principal país emissor de gases de efeito estufa, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE).
O diretor da Administração Meteorológica da China, Qin Dahe, afirmou nesta terça que a falta de tecnologia e de capital é o principal problema que o país asiático enfrenta para reduzir suas emissões de dióxido de carbono rumo à atmosfera.
O responsável meteorológico disse ainda que o governo chinês leva "muito a sério" o problema do aquecimento global e que está determinado, dentro de suas possibilidades, a redução de sua carga emissora de gases poluentes e alterando seu modelo energético, muito dependente do carvão.
Qin é também o representante chinês no Painel Intergovernamental para Alterações Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), que apresentou na semana passada um relatório que responsabilizava a atividade humana pelo "irreversível" aquecimento do planeta devido a emissões de gases poluentes.
O documento das Nações Unidas afirmava ainda que as temperaturas podem aumentar entre 1,1 e 6,4 graus Celsius até 2100, provocando tornados, períodos de seca e outros desastres naturais.
Prejuízos
Na primeira reação oficial chinesa sobre o relatório da ONU, Qin reconheceu que o aquecimento global está afetando a China e destacou que problemas como secas, enchentes e tempestades tropicais causam prejuízos anuais de US$ 38 milhões (R$ 79 milhões) ao país, afetando também 600 milhões de pessoas.
Para minimizar estes efeitos, acrescentou Qin, Pequim prevê lançar mais satélites meteorológicos e investir milhões de dólares em busca de novas soluções para o problema. .
(Agência Lusa, 06/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/lusa/2007/02/06/ult611u73876.jhtm