Comissão Européia sugere criação de leis para emissão de gases por carros
emissões de co2
2007-02-07
Após várias semanas de controvérsias, a Comissão Européia vai apresentar hoje (06/02) sua estratégia para obrigar a indústria automobilística a reduzir suas emissões de CO2, um teste da determinação da União Européia (UE) de lutar contra a mudança climática.
Segundo fontes européias, a Comissão vai sugerir a criação de leis no continente europeu para limitar a 120 gramas/km as emissões dos carros vendidos na Europa até a 2012.
As emissões dos motores deverão ser reduzidas dos 160 gramas/km atuais para até 130 gramas/km.
As dez gramas restantes serão obtidas com o aperfeiçoamento dos pneus, uma climatização mais econômica em consumo de combustível e a adoção de indicadores de mudança de velocidade - para evitar os excessos - e o uso cada vez maior dos biocombustíveis.
Em 1998-1999, todos os construtores que vendiam na Europa estavam empenhados em garantir que seus carros não liberassem mais de 140 gramas de CO2/km em média até 2008-09, ou seja, um consumo de 5,25 litros de diesel ou 5,8 litros de gasolina por 100 km nas condições de teste.
Mas em 2005 a média das emissões - maiores para carros grandes, um modelo esporte ou uma 4X4 em relação aos de baixa cilindrada - estava ainda em 162 gramas/km, o que levou Bruxelas a concluir que o voluntariado não bastava e, portanto, era preciso criar leis.
A Associação dos Construtores de Automóveis Europeus (ACEA) não quer assumir a responsabilidade por este fracasso. Ela considera que o atraso pode ser explicado pela "forte demanda dos clientes por carros maiores e mais seguros e uma receptividade decepcionante por parte dos consumidores aos modelos muito econômicos em combustível".
Mas, de fato, as emissões do transporte rodoviário aumentaram 30% desde 1990 e representam agora mais de um quarto das emissões de CO2 da UE, a metade devido aos carros particulares.
"Isto põe em questão os avanços obtidos penosamente em outros setores para respeitar as metas da UE de acordo com o Protocolo de Kyoto", segundo Jos Delbeke, encarregado das mudanças climáticas na Comissão Européia. No Protocolo de Kyoto, a UE deve reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa em 8% até 2012 em relação a 1990, e a Comissão propõe que os países desenvolvidos fixem uma meta de 30% para 2020, comparada sempre a 1990. Inicialmente, o comissário do Meio Ambiente, Stavros Dimas, queria que a redução a 120 gramas/km ficasse apenas por conta de um ajuste da tecnologia dos motores. Mas ele teve de chegar a um acordo com seu colega da Indústria, Günter Verheugen, que queria envolver todos os construtores.
No entorno de Dimas, todos se dizem, entretanto, "muito satisfeitos" com o compromisso na medida em que "o essencial do esforço ficará por conta dos construtores" e em que algumas "idéias não mensuráveis" propostas por Verheugen, como "a melhora do estilo de conduzir ou a qualidade da infra-estrutura de transporte, foram rejeitadas".
O debate ganhou uma dimensão considerável na Alemanha nos últimos dias. Os diretores de Daimler-Chrysler, BMW, Volkswagen, Opel e Ford Alemanha advertiram para os ricos de perdas de empregos na produção de carros grandes, os mais poluentes.
Os temores começaram a aparecer com a manifestação da chanceler alemã, Angela Merkel, que reivindicou uma meta diferenciada de acordo com a categoria dos automóveis.
Este argumento foi considerando sem fundamento pelos ecologistas porque a Comissão discutirá quarta-feira apenas uma média para o parque automobilístico em seu conjunto.
Esta questão de uma meta diferenciada pode, no entanto, voltar à tona no fim de 2007, mas a Comissão vai propor aplicar sua estratégia por meio de uma legislação nova. Esta nova lei deve ser adotada pelos 27 e o Parlamento europeu, o que vai demorar no mínimo um ano.
(AFP, 06/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/02/06/ult1806u5472.jhtm