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2007-02-06
Os governos deveriam adotar uma economia responsável que ajude a salvar o meio ambiente dos custos da globalização rápida, ressaltou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) na edição 2007 de seu relatório Global Environmental Outlook (Perspectiva do Meio Ambiente Global, numa tradução livre), publicado nesta segunda-feira (05/02) em Nairóbi, no Quênia.

Segundo o Pnuma, a rápida globalização - que é vista como contribuinte para as emissões de gases de efeito estufa - teve um impacto sobre os recursos não-renováveis do mundo e, se não for controlada, poderia eventualmente exacerbar a pobreza e os conflitos por matérias-primas escassas.

O diretor do Pnuma, Achim Steiner, foi enfático ao declarar que a globalização corre o risco de devorar seus próprios ganhos, sobretudo a erradicação da pobreza. "A riqueza está sendo gerada em uma escala sem precedentes e milhões estão sendo tirados da pobreza. Mas uma grande interrogação pende sobre nosso futuro e sua sustentabilidade para as gerações atuais e futuras", afirmou.

"Se a elevação dos padrões de vida e métodos ineficientes de produção e consumo intensificarem a pressão sobre os recursos naturais - de peixes, água doce e atmosfera a florestas e terras frágeis -, a globalização poderá se tornar um fracasso espetacular, ao invés de um elemento salvador", alertou.

"A questão não é se a globalização é boa ou má, mas se temos os regulamentos, os instrumentos econômicos criativos, as diretrizes, regras e parcerias que garantem dar os benefícios mais amplos possíveis a um custo mínimo para o planeta", acrescentou.

Embora tenha admitido que a globalização é a chave para o desenvolvimento moderno, o Pnuma alertou que o modelo anularia seus ganhos se os governos fracassarem em ouvir os apelos para preservar um meio ambiente cada vez mais frágil.

"A ação por uma forma mais inteligente, socialmente aceitável e ambientalmente sensível de globalização está muito atrasada", alertou o relatório do Pnuma.

"De alguma forma, a necessidade por esta ação se tornou mais crítica, à medida que o padrão de produção e consumo do mundo desenvolvido está sendo seguido por aquelas economias em rápido desenvolvimento, tais como Brasil, Índia e China", acrescentou.

O relatório anual foi publicado em Nairóbi, durante o encontro anual de governadores do Pnuma, e três dias depois de climatologistas emitirem o alerta de que o aquecimento global é "inequívoco" e que está sendo impelido pelo homem.

O relatório fez várias recomendações, inclusive a expansão de florestas sob certificação da International Tropical Timber Organisation (ITTO ou Organização Internacional de Madeira Tropical) para acima dos atuais 10,5 milhões de hectares ou 3% das florestas de produção natural.

"Elas poderiam ser expandidas para outros recursos naturais e ser beneficiadas por políticas de compra verde", ressaltou o relatório.

Além disso, o documento pediu uma expansão do número de áreas marinhas protegidas, lembrando que a demanda crescente por frutos do mar e outros produtos marinhos poderia provocar o colapso dos estoques comerciais de peixe em 2050.

Em 2002, os governos concordaram em criar uma rede de reservas marinhas até 2012, mas ao passo atual, a rede só existirá trinta anos depois do colapso dos estoques comerciais, estimado em 2085, acrescentou o documento.

O relatório lamentou que a mudança climática - causada principalmente pela emissão de gases estufa - possa agravar a situação, aumentando a acidez dos mares e oceanos, o que causa o branqueamento dos corais, que são importantes berçários para os peixes.
(AFP, 05/2/2007)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/index7.jhtm

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