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2007-02-06
Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelo aquecimento global, serão os mais afetados pelo fenômeno, disse na segunda-feira o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, a ministros de Meio Ambiente de vários países. Eles estão reunidos em Nairóbi, capital do Quênia, para estudar modificações no comércio global de modo a salvar o planeta.

"A degradação do ambiente global continua incontida, e os efeitos da mudança climática estão sendo sentidos em todo o globo", disse Ban em nota que ecoa o relatório divulgado na semana passada pela ONU que apontava as atividades humanas como principais causas do aquecimento.

Em um discurso atribuído a Ban no início da reunião ministerial de Nairóbi, capital do Quênia, o secretário-geral afirmou que todos os países vão sentir os efeitos adversos das mudanças climáticas. "Mas são os pobres, na África e em pequenos Estados insulares, que vão sofrer mais, mesmo que sejam os menos responsáveis pelo aquecimento global", afirmou.

Especialistas dizem que a África é o continente que menos emite gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, mas que devido à pobreza e à geografia é a região que tem mais a perder. Símbolos disso são a desertificação em torno do Saara e a redução da capa de gelo do monte Kilimanjaro.

Agências ambientais da ONU pressionam Ban a se empenhar na busca por um tratado que suceda ao Protocolo de Kyoto, que prevê a redução nas emissões globais de poluentes, mas expira em 2012.

Os governos estão sob pressão para agirem à luz das conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU, que apontou grande probabilidade de que no futuro haja mais tempestades, secas, ondas de calor provocadas pela queima de combustíveis fósseis e outras atividades.

Alternativas

Achim Steiner, chefe do Programa Ambiental da ONU, que organiza o encontro de uma semana dos quase cem ministros, disse que a globalização está esgotando os recursos mundiais, sem oferecer os benefícios esperados.

Mas há muitos exemplos de gerenciamento sustentável, lembrou ele, citando a certificação de recursos como madeira e pesca para evitar a exploração ilegal e mecanismos "criativos", como o mercado de carbono, ou seja, de créditos para a emissão de poluentes, que se amplia rapidamente.

"Precisamos valorizar o poder do consumidor, atender aos apelos por regulamentação internacional para o setor privado e impor padrões e normas realistas para os mercados globalizados", disse Steiner em nota antes da reunião.

Relatório climático

O encontro ocorre sob o impacto do relatório da ONU, de acordo com o qual há mais de 90% de probabilidade de que o aquecimento global tenha como principal causa o fator humano.

Funcionários da ONU esperam que o estudo incentive governos - especialmente o dos EUA, maior poluidor mundial - e empresas a se empenharem mais na redução dos gases do efeito estufa, emitidos principalmente por usinas termelétricas, fábricas e carros.

O encontro desta semana do Conselho do Programa Ambiental da ONU no Quênia discutirá também a crescente ameaça da poluição por mercúrio, a demanda por biocombustíveis e reformas na ONU.

Pela primeira vez, o evento receberá dirigentes de outras agências, como Pascal Lamy, da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Acredito que a presença (de Lamy) mostra que não há mais um tráfego de mão única a respeito do comércio e meio ambiente", disse Steiner.br>(O Estado de S. Paulo, 05/2/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/fev/05/85.htm

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