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contaminação com agrotóxicos passivos da indústria química
2007-02-06
O agrotóxico Lorsban 480, veneno agrícola cujo princípio ativo foi banido nos Estados Unidos da América (EUA) por ser altamente neurotóxico, está sendo aplicado por avião sobre cafezais e contaminando lagoas nos municípios de Linhares e Jaguaré. A aplicação foi vista por dois pesquisadores em agronomia, há cerca de 40 dias.

Esta é a segunda denúncia sobre o uso do produto clorpirifós (Chlorpyrifós), que é acaricida e inseticida, no Espírito Santo. O veneno é um clorofosforado, produzido com o nome comercial Lorsban 480, apresentado como "pesticida" e produzido pela Dow Agro-Sciences, multinacional norte-americana.

O veneno com indicação para matar barata é da marca Fenômeno e também estava à venda em um supermercado, no município de Cariacica. Da mesma marca, foi encontrado um agrotóxico para matar rato, como confirmado no último dia 31. O princípio ativo desses venenos é o clorpirifós, organofosforado banido nos Estados Unidos por sua neurotoxidade.

Foi a própria Dow Agro Science que pediu às autoridades norte-americanas para restringir o uso do veneno. Na ocasião, recomendou que o relatório não fosse divulgado pelo governo norte-americano na América Latina.

No Brasil, como se desconhecesse os problemas causados pelo seu produto, a Dow Agro-Science produziu e vendeu as marcas Klorpan 480, Sabri, Vextre e Lorsban, até ser flagrada no crime contra os brasileiros. O produto também foi comercializado com os nomes Nufos 480 CE (produzido pela Cheminova Agro Brasil Ltda), Astro (da Bayer), Clorbirissos Fersol 480 CE (Fersol) e Isca Formicida Tatu (Embradef).

Além do flagrante dado em Cariacica por um consumidor e confirmado pela Vigilância Sanitária do município, agora um emprego mais amplo do clorpirifós foi denunciado. Foi aplicado em pulverizações aéreas de cafezais em Linhares e Jaguaré.

Relata um dos pesquisadores que viu a aplicação em Linhares, há cerca de 40 dias. Não pôde identificar o avião e o piloto, mas alega que não é difícil para quem atua na região.

O pesquisador lembra que o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) deve saber quem aplica o veneno, pois ao órgão cabe autorizar a aplicação. "O produtor tem que fazer uma requisição e o Idaf autoriza o uso, assim fiquei sabendo há alguns dias em Jaquaré. Outra coisa: as revendedoras de Linhares e Jaquaré, qualquer uma delas, por exemplo, Casa do Abubo, entre outras, pode informar".

O pesquisador, que conhece a gravidade do uso do veneno agrícola, pede o anonimato. E que sejam continuadas as denúncias do uso de avião "para pulverizações. Isto já está acontecendo. Estão aplicando Lorsban - inseticida para broca, e fungicidas diversos para ferrugem do café. Passam em cima de lagoas, de casas, da mesma maneira que no Córrego do Farias e outras comunidades de Linhares".

O pesquisador quer saber: "onde está o Idaf, o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o Iema? Quem liberou este tipo de aplicação? Onde estão os trabalhos de pesquisa?". Para ele, a campanha contra o uso dos venenos agrícolas "é uma luta por um mundo melhor e mais saudável".

Randoup, veneno que mata tudo, também é jogado de avião
Moradores do Córrego do Farias denunciaram no mês passado que na região está sendo feito o emprego de avião para aplicar o veneno agrícola randoup, em aproximadamente 30 hectares de pastagens, há menos de quatro quilômetros da Reserva Biológica de Sooretama, que fica junto à Reserva da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O avião agrícola empregado é de cor amarela e baseado em Linhares. A fiscalização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) comprovou o uso do veneno agrícola.

O agrotóxico Roundup WG é um glifosato. Conhecido popularmente por randap, é um veneno agrícola produzido pela Monsanto, que o chama "defensivo agrícola". O agrotóxico é um agente cancerígeno e que produz ainda alterações genéticas, entre muitos outros problemas à saúde e ao ambiente.

No caso da aplicação na região do Córrego do Farias, a área pulverizada é considerada pequena para aplicação aérea. Nas manobras aéreas, o veneno foi despejado sobre pessoas na região, sobre suas casas e sobre os córregos.

A indústria dos agrotóxicos fatura no Brasil cerca de R$ 10 bilhões (US$ 4,5 bilhões). Ganha com venenos que intoxicam 500 mil brasileiros por ano, dos quais 10 mil morrem e chama seus venenos de "defensivos agrícolas".

Dos intoxicados por venenos agrícolas, cerca de 10% ficam definitivamente incapacitados para o trabalho, o que totaliza uma perda de 50 mil trabalhadores/ano no país. O Espírito Santo é o terceiro estado do país no consumo por pessoa dos venenos. No Espírito Santo, os venenos agrícolas contaminam e matam produtores e consumidores, embora os números desta contaminação não sejam conhecidos.

Há uma luta dos pequenos produtores, com apoio de setores de algumas igrejas e sindicatos, entre outros segmentos, para desenvolver a agroecologia no Estado.

Uma rede de escolas agroecológicas está iniciando o novo período letivo e algumas delas ainda estão matriculando. Clique aqui para saber onde estão localizadas estas escolas.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 05/02/2007)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2007/fevereiro/05/noticiario/meio_ambiente/05_02_08.asp

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