BNDES estuda linha de crédito para manejo florestal
2007-02-06
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) planeja criar sua primeira linha voltada diretamente a atividades florestais sustentáveis. O objetivo é financiar ações que envolvam reflorestamento, recuperação de áreas degradadas e manejo florestal — técnica que permite exploração econômica aliada a atividades de conservação.
“A idéia é incentivar o plantio da floresta. Se for um financiamento genérico, estimula apenas os grandes produtores. Nos sete anos, às vezes mais, que uma floresta demora para crescer, o pequeno produtor precisa ter renda”, afirma Tasso Azevedo, diretor do Programa Nacional de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, órgão que estuda a criação do projeto junto com o BNDES.
A linha de crédito deverá ser desenhada de forma a permitir que o produtor refloreste sua área e receba uma verba mensal de uma empresa para a qual venderá a madeira quando as árvores já puderem ser cortadas. Para que a produção seja sustentável, a terra será dividida em partes iguais, e cada ano só uma parte poderá ser explorada. Isso permite que as árvores da primeira área já tenham crescido quando as da última parte forem cortadas.
Azevedo afirma que a linha de crédito do BNDES está sendo planejada para ser aplicada inicialmente no Distrito Florestal Sustentável do Pólo do Carajás, que deverá ser criado ainda no primeiro semestre deste ano. A região delimitada deve abranger terras do Pará, Maranhão e Tocantins, que somarão 28 milhões de hectares (quase a área de todo o Rio Grande do Sul).
A região é uma grande produtora de ferro-gusa, usado principalmente pela indústria automobilística. O material é formado em fornos, que usam carvão mineral, um grande poluente. A alternativa para reduzir os danos ao meio ambiente seria estimular a utilização da lenha, mas sem que haja desmatamento. “Quando não há o plantio do carvão vegetal [madeira], ele acaba vindo do consumo ilegal, de desmatamentos. Queremos estimular o pequeno produtor a plantar de forma sustentável”, diz o diretor do Programa Nacional de Florestas.
Pela linha de crédito que está sendo planejada com o BNDES, as indústrias de ferro-gusa serão estimuladas a comprar desses pequenos produtores. O banco faria um empréstimo para a empresa, que pagaria mensalmente pelo produto que comprará futuramente. “Para a empresa isso é vantajoso porque ela não imobiliza o capital na compra de terras e garante que terá matéria-prima para se planejar. E o pequeno produtor vai plantando em áreas que não está usando”, detalha Azevedo. Os produtores recebem antecipadamente pela venda, o que possibilita que eles tenham um rendimento ainda durante o crescimento da floresta.
O PNUD apóia projetos de manejo florestal em diversas partes do Brasil, como Amazônia e Caatinga. A agência da ONU também tem ações na área de distritos florestais — foi o PNUD que apontou os critérios para elaboração de um edital para contratação de planos de manejo para o Distrito Florestal Sustentável da BR-163.
(Por Talita Bedinelli, PNUD Brasil, 05/02/2007)
http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=2570&lay=mam