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2007-02-06
Tem gente julgando que as empresas multinacionais de produção de celulose estão escolhendo o Rio Grande do Sul para novas plantas por algum motivo escuso. Esquecem que, em fevereiro de 2003, o governo estadual debruçou-se sobre um programa florestal industrial, em cima de proposta do Comitê da Indústria de Base Florestal e Moveleira da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, Fiergs. Walter Rudi Christmann, coordenador do Comitê, informou que em dezembro de 2004, o então governador Germano Rigotto criou o Comitê Gestor dos Arranjos Produtivos de Base Florestal do Rio Grande do Sul, com suporte de 21 entidades públicas e particulares. Foi assim que o plantio florestal no Estado subiu de 12 mil para 100 mil hectares.

Nos dois anos vindouros a área total com florestamento deverá chegar a um milhão de hectares, o que equivale a 3,5% do território do Rio Grande do Sul. A unidade de produção de celulose branqueada da Votorantin Celulose e Papel, VCP, deve começar a operar em 2011. Onde ficará esta planta ainda não foi decidido, o que deverá ser anunciado no segundo semestre de 2007. Além da Votorantin, a Aracruz Celulose e a sueco-finlandesa Stora Enso estão ampliando seus negócios no Rio Grande do Sul. A fim de evitarem uma guerra entre os municípios atingidos, direta ou indiretamente pelos investimentos gigantescos, 29 prefeituras envolvidas com a questão florestal na Metade Sul do Estado acordaram que haverá partilha do Valor Adicionado para o retorno do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, ICMS. Caberá ao município que sediar o empreendimento 50% do incremento, enquanto os outros 28 envolvidos dividirão os 50% restantes. A Votorantin Celulose e Papel ocupará área de 400 a 500 hectares, sendo provável localizar-se entre Pelotas, Rio Grande e Arroio Grande. Deverá gerar cerca de seis mil empregos diretos e indiretos na fase de implantação e outros quatro mil após a instalação.

A Votorantim deverá investir um total de US$ 1,3 bilhão no Projeto Losango, que é o nome do empreendimento na Zona Sul. Lá está o maior viveiro coberto de eucalipto do Brasil, com 27 hectares, em Capão do Leão. O cultivo de eucalipto para produção industrial guardará metade da área para árvores nativas, com preservação permanente. O projeto da VCP será um dos mais modernos do mundo, garante Carlos Monteiro, engenheiro da Votorantim. Ele assegura que haverá um rigoroso controle do processo produtivo, usando tecnologias limpas. Isso deverá reduzir e evitar impactos da indústria ao meio ambiente.

A Aracruz Celulose está projetando investir US$ 1,2 bilhão para expandir a unidade de Guaíba. Esta planta, com outro nome e de outro dono, há 30 anos, causou graves problemas e discussões com seu cheiro característico, mas que foi resolvido. Ali são produzidas 430 mil toneladas/ano, que pularão para 1,8 milhão. O segmento da madeira absorve 250 mil empregos no Rio Grande do Sul, dados da Universidade Federal de Santa Maria, com faturamento de R$ 3,5 bilhões por ano. A movelaria desponta, com 33 mil empregos diretos e 150 mil indiretos, sendo que o florestamento garante o sustento de 40 mil famílias. O Estado tem 360 mil hectares de florestas plantadas, ou 1,3% do território. O eucalipto ocupa 110 mil hectares, contra 150 mil de pinus e 100 mil de acácia. É saudável a atração de novos investimentos, num Rio Grande do Sul que passa por grave crise financeira. É melhor facilitar investimentos, do que viver pedindo favores, como fazemos há anos.
(Jornal do Comércio, 06/02/2007)
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