Para "revolução energética", Greenpeace pede vontade política, interesse privado e participação social
2007-02-05
Durante a apresentação de um estudo em que mostra a tendência de aumento do consumo de energia primária no Brasil, a ONG Greenpeace sugeriu uma alternativa para mudar o perfil energético do país. A proposta de uma "revolução energética" prevê o uso de energia limpa, em que o cenário seria dividido em 38% de energia hidrelétrica, 26% de biomassa (rejeitos agrícolas e de madeira, cana-de-açúcar, lixo), 20% eólica, 12% gás natural e 4% fotovoltaica.
O diretor de campanhas do Greenpeace, Marcelo Furtado, garantiu que o Brasil tem todas as condições para empregar esse modelo energético, mas faltam três elementos para colocar o plano em prática. “Nós precisamos de vontade política, portanto políticas públicas que estimulem o país a caminhar na trilha de limpar sua matriz, interesse do setor privado, que vai querer condições de investimento e a participação do público em geral”.
Para chegar à matriz energética proposta, o Greenpeace destaca a eliminação completa da energia nuclear, da energia a base de carvão e a redução gradual dos combustíveis fósseis, como diesel e óleo e uma pequena parcela de gás. Entretanto, Furtado ressaltou que atualmente a matriz de 2.050 não seria viável economicamente. “Por isso é que testamos um modelo, onde colocamos formas de como introduzir essas energias limpas para que possamos e tornar economicamente viáveis no futuro”.
Para isso, Furtado explicou que seria necessária uma compensação econômica para essas energias que viriam de duas ações. A primeira seria a retirada de subsídios das “energias sujas” que seriam transferidos para as “energias limpas”. A segunda seria a penalização para as “energias sujas” por conta se sua emissão de gases que provocam o efeito estufa.
“Então se você opta por uma energia limpa você deixa de gastar. A combinação de um subsídio que ora vai para o lugar errado e agora vem para o lugar certo com uma economia que foi feita porque se deixou de pagar um custo adicional por poluir pode viabilizar essa produção”, afirmou Furtado.
Consumo aumentará e preço quadruplicará até 2050
O consumo de energia primária do Brasil deverá crescer 86% até 2050, passando de 40.090 gigawatts atuais para 74.650 gigawatts, e o preço da eletricidade deverá quadruplicar. É o que prevê o estudo do Greenpeace, que propõe uma "revolução energética" para evitar isso e para diminuir a produção de “energia suja” que contribui para aumentar o aquecimento global. De acordo com o estudo , é possível eliminar as fontes sujas de energia da matriz energética do país com investimentos e políticas públicas de apoio a energias renováveis como a biomassa e a energia eólica.
O relatório chamado de "Revolução Energética - Brasil" mostra três cenários diferentes para o Brasil no ano de 2.050. O primeiro, chamado de cenário de Referência, tem dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ligada ao ministério de Minas e Energia, o segundo é o cenário Intermediário, elaborado em parceria pelo Greenpeace e o Grupo de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Universidade de São Paulo (Gepea Poli-USP), e o terceiro é o cenário de "revolução energética". A proposta será encaminhada a todos os ministros do governo e ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a formadores de opinião, empresários.
Segundo o diretor de campanhas do Greenpeace, Marcelo Furtado, o relatório mostra que o Brasil pode produzir metade da energia que o governo estaria gerando em 2050 de forma mais barata, eficiente e com participação de 89% das energias limpas na matriz energética do país. “Então se tem energia limpa e barata para um país que quer crescer sustentavelmente”.
De acordo com Furtado, se a "revolução energética" for implantada o país poderá gerar metade do que o cenário governamental prevê e ainda economizar energia. “Isso significa que do ponto de vista econômico o modelo aponta o custo anual da matriz energética brasileira na faixa de R$ 530 bilhões em 2050 e nós estaríamos gerando energia com um custo anual de R$ 350 bilhões". Furtado explicou que a economia de R$ 180 bilhões resulta de práticas de eficiência energética e do custo menor da energia limpa.
(Por Flávia Albuquerque, Agência Brasil, 02/02/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/02/02/materia.2007-02-02.2599182967/view