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2007-02-05
Se os bancos de investimento são bons em uma coisa é em farejar oportunidades para ganhar dinheiro. A julgar pela repentina enxurrada de relatórios de pesquisa, eles agora consideram a mudança climática a próxima grande coisa.

Muitas florestas foram derrubadas para explicar como as empresas poderão responder à mudança climática e como os investidores deverão se posicionar para o que está despontando como um dos temas de investimento dominantes.

A Lehman Brothers disse nesta semana: "Apesar da mudança climática poder ser uma força se movendo lentamente, os preços dos ativos mudarão acentuadamente, quando novas evidências chegarem ao mercado ou políticas forem mudadas".

A ameaça às economias, aos mercados e aos investimentos é clara. O aumento das temperaturas globais provavelmente significará mais inundações, secas e furacões, assim como escassez de comida e água em partes do globo. As políticas para redução das emissões afetarão o comportamento industrial.

Na sexta-feira (2/2), o painel de clima da ONU emitiu seu alerta mais forte de que as atividades humanas estão aquecendo o planeta. Empresas de toda parte estarão sob pressão de políticos, reguladores e da mídia para responder às ameaças climáticas.

Sir Nicholas Stern, autor do relatório britânico sobre o clima no ano passado, alertou que, no pior cenário, a mudança climática não contida poderia derrubar em 20% o consumo global. Mesmo sua estimativa mais baixa de 5% dá aos investidores e aos mercados pouca escolha a não ser responder.

Há uma tendência estabelecida de investimento socialmente responsável (ISR) ou investimento segundo critérios ambientais, sociais e de governança (ASG). Mas Neil Brown, chefe de investimento responsável e governança da Threadneedle Investments, disse que o que é notável sobre a recente tendência em relatórios de bancos de investimento é sua abordagem "mainstream", envolvendo analistas setoriais individuais assim como especialistas em ISR.

"ISR tradicional reflete as visões de clientes específicos, talvez uma igreja ou fundo de caridade que expressa sua aversão a certos setores como tabaco e armas. Uma série de analistas agora estão adotando uma visão do quadro maior de todos os setores e se concentrando no impacto potencial da mudança climática nos ganhos das empresas", ele disse.

Não deverá demorar muito até que questões de mudança climática comecem a afetar a lucratividade -e o preço das ações- das empresas de petróleo e gás, grupos de mineração, construtoras, serviços públicos, companhias aéreas, indústria automotiva e seguradoras.

A Lehman disse que o setor automotivo europeu poderá ser a primeira baixa da mudança climática, alertando que a lucratividade do setor "poderá sofrer muito nos próximos cinco anos". Ela sente que o setor pode se transformar em um bode expiatório político pelo fracasso em atender as metas de emissões de dióxido de carbono em 2008.

Por outro lado, as empresas globais de bens de capital, que fornecem instalações e equipamentos para o setor de geração de energia, provavelmente se beneficiarão, segundo a Lehman.

"As principais beneficiadas serão as tecnologias nuclear, eólica, hidrelétrica e, para tecnologias emergentes, gaseificação do carvão, fotovoltaicas e armazenagem de energia (células de combustível) em escala industrial", ela prevê.

Outros setores poderão ser atingidos - o cimento, por exemplo, representa mais de 5% das emissões globais de CO2. As companhias aéreas sofrerão se os governos impuserem impostos a ponto de ocorrer uma queda no número de vôos. Mas é difícil ser preciso; uma companhia aérea que se promover como utilizando combustível bom para o clima poderia se beneficiar.

Alguns grandes grupos estão tratando o assunto seriamente. A BP tentou se reformular com sua agenda Além do Petróleo; a Toyota fez investimentos substanciais em carros híbridos; a Tesco planeja rotular seus produtos para mostrar quanto dióxido de carbono é emitido durante sua produção, transporte e consumo.

O fato de essas empresas estarem fazendo mudanças sugere que já estão sob pressão de seus consumidores, ou que perceberam que podem ganhar uma vantagem competitiva. Mas as questões para empresas e investidores são complexas.

Como notou o Citigroup, algumas medidas para lidar com os gases responsáveis pelo efeito estufa não são necessariamente verdes. "Usinas nucleares são fontes de eletricidade totalmente livres de carbono, mas produzem lixo radioativo que precisa ser armazenado por milhares de anos. Óleo de palma e o cultivo de cana-de-açúcar para produção de biocombustíveis ameaçam o hábitat de espécies raras em algumas partes do mundo (como os orangotangos na Malásia)", ela diz.

O caminho à frente é repleto de incertezas sobre como os governos responderão. Uma é como o sistema europeu de comércio de emissões de carbono evoluirá, e se acabará se tornando um sistema global adotado pelos Estados Unidos, Índia e China.

Executivos-chefes serão perguntados sobre suas estratégias de mudança climática com a mesma certeza com que foram perguntados sobre sua estratégia para Internet na virada do século. Nós podemos esperar o surgimento de fundos para mudança climática e índices de mudança climática.

O processo já está começando. Na próxima semana, a Ftse, a empresa de índice, anunciará que os grupos elegíveis para inclusão no índice FTSE4Good terão que atender critérios de mudança climática.

Serão traçadas distinções entre aqueles que estão administrando a agenda de mudança climática de forma eficiente e aqueles que não. As empresas provavelmente não gostarão da perspectiva de serem afastadas do índice por não terem feito o suficiente.
(Por Christopher Brown-Humes, tradução: George El Khouri Andolfato, Financial Times/UOL, 04/02/2007)
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/fintimes/2007/02/04/ult579u2067.jhtm

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