Seguradoras elogiam relatório de painel da ONU sobre clima
2007-02-05
As seguradoras, que gastam bilhões de dólares anualmente devido a estragos provocados por desastres naturais, receberam com satisfação o relatório da ONU segundo o qual a humanidade é responsável pelo aquecimento da Terra. O Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) previu a ocorrência de chuvas mais fortes, o derretimento de geleiras, mais períodos de seca, mais ondas de calor e uma elevação no nível dos oceanos.
O painel é formado por 2.500 cientistas vindos de 130 países. "Acreditamos que esse relatório contribuirá bastante para colocar as mudanças climáticas no topo da agenda (da política global)", afirmou Ivo Menzinger, da Swiss Re, a maior resseguradora do mundo, quando se leva em conta o valor dos prêmios.
Para as seguradoras, que gastam muito dinheiro com pesquisas próprias sobre o aquecimento do planeta, os dados apresentados pelo relatório não eram uma novidade. Mas o setor, que gasta cerca de um terço de suas indenizações com estragos relacionados a desastres naturais, espera que o relatório convença os governos do mundo todo a tomar medidas de combate às mudanças climáticas.
As seguradoras pagaram mais de US$ 83 bilhões para cobrir danos provocados por uma série de furacões que atingiu os EUA em 2005, fazendo daquele o ano mais dispendioso da história do setor. A Allianz, uma das maiores seguradoras da Europa, avisou que o prêmio dos seguros teria de aumentar se o aquecimento global provocar mais desastres naturais e tornar esses desastres mais devastadores.
"Até agora, nosso setor sempre se baseou na análise de dados do passado para fixar o valor de seus prêmios. No entanto, se forem confirmadas as conclusões do painel da ONU sobre uma intensificação dos fenômenos climáticos extremos, teremos de levar em conta, cada vez mais, tais projeções", disse Olaf Novak, da Allianz.
Segundo uma avaliação recente realizada pela Swiss Re a respeito das tempestades ocorridas no inverno europeu, esses fenômenos ficarão mais intensos e freqüentes devido às mudanças climáticas, fazendo com que o número de indenizações pagas suba entre 16% e 68%.
(O Estado de S. Paulo, 02/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/fev/02/149.htm