Países europeus pedem transformação do atual Programa da ONU para o Meio Ambiente em uma agência similar à Organização Mundial da Saúde
2007-02-05
Mais de 40 países apóiam a criação de uma organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente proposta na conferência internacional "Cidadãos da terra", que terminou no sábado (03/02) em Paris com um chamado ao combate contra a degradação do planeta.
"Hoje, sabemos que a humanidade está destruindo, a uma velocidade aterrorizadora, os recursos e equilíbrios que permitiram seu desenvolvimento e que determinam seu futuro", diz o "Chamado de Paris", lido no fim da conferência pelo anfitrião do encontro, o presidente da França, Jacques Chirac.
O texto promove a transformação do atual Programa da ONU para o Meio Ambiente em uma agência similar à Organização Mundial da Saúde (OMS), que seja "uma voz forte reconhecida no mundo" e permita a avaliação dos danos ecológicos e a atenuação destes.
Fontes da presidência francesa disseram que entre os países que apóiam a criação do órgão estão a maioria dos europeus e outras 20 nações da África, da Ásia e da América Latina.
"Lançamos um chamado solene para uma grande mobilização internacional contra a crise ecológica e em prol de um crescimento que respeite o meio ambiente", diz a declaração.
"O futuro do planeta em seu conjunto está em jogo (...). A sobrevivência de toda a humanidade está em perigo. Chegou o momento de sermos lúcidos. De reconhecer que chegamos ao limite do irreversível, do irreparável. De admitir que já não podemos nos permitir esperar, que cada dia que passa agrava os riscos e os perigos", acrescenta o texto.
Situação grave
A preocupação com o meio ambiente deve estar no centro das decisões e das iniciativas dos signatários, que se comprometem a adotar "medidas indispensáveis" para afastar os perigos, em particular a mudança climática, "cuja gravidade é demonstrada claramente pelo último relatório do Grupo Intergovernamental sobre a Evolução do Clima", apresentado na sexta-feira (02/02) em Paris.
O documento deste sábado destaca a importância da adoção de uma Declaração Universal dos Direitos e Deveres Ambientais, que garanta um novo direito humano, "o de um ambiente saudável e preservado".
Além disso, rejeita o modelo econômico "baseado no desperdício desenfreado de recursos naturais e na poluição", e pede sua substituição por outro que esteja "a serviço do desenvolvimento sustentável e da luta contra a pobreza".
Neste sentido, a declaração convida os países ricos, emergentes e menos avançados a compartilharem esforços no desenvolvimento de "mecanismos de financiamento inovadores" que ajudem "os países mais pobres a se adaptarem".
O chamado, que destaca que mais de 40 países já formam o grupo pioneiro para a criação de uma agência da ONU para o Meio Ambiente, termina com um convite a todos os Estados "a unirem-se a este combate".
(O Estado de S. Paulo, 03/02/2007)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/fev/03/49.htm