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2007-02-05
O presidente francês, Jacques Chirac, exige que os Estados Unidos assinem tanto o Protocolo de Kyoto quanto um futuro acordo que entraria em vigor em 2012, quando expira o atual tratado. Chirac elogiou a referência que o presidente George W. Bush fez às mudanças climáticas durante seu discurso na semana passada, quando assumiu que a questão é um “sério desafio” e reconheceu a aparente redução das emissões que está sendo efetuada por alguns políticos locais norte-americanos.

Mas em uma entrevista, Chirac alertou que, se Washington não ratificar um acordo climático global, uma taxa européia de carbono poderá ser imposta sobre as importações dos países que não ratificaram o Protocolo de Kyoto. O objetivo seria tentar forçar uma participação norte-americana; já que a União Européia é o maior mercado de exportações dos Estados Unidos.

“É inevitável uma taxa de carbono”, disse Chirac. “Se for européia - e acredito que será européia – então, da mesma maneira, teria uma certa influência; pois significa que todos os países que não aceitarem as obrigações mínimas serão forçados a pagar”.

Advogados especialistas na área de comércio estão divididos sobre a legalidade da taxa sobre o carbono. Alguns dizem que contradiria regras internacionais de comércio. Mas, segundo Chirac, outros países europeus a apoiariam. “Acredito que contaremos com toda União Européia”, avaliou.

Em um momento em que a maioria dos tomadores de decisão ocidentais acreditam que o maior desafio será convencer a China e a Índia a limitar suas emissões, Chirac se demonstrou esperançoso. “Sou menos pessimista do que muitos sobre as economias emergentes, principalmente sobre a China”, disse.

“Os problemas são tão sérios que não podem ser gerenciados, especialmente por causa das suas conseqüências sociais. De qualquer forma, precisamos lidar com eles. Especialistas chineses dizem que atualmente grande parte dos problemas sociais tem origens ambientais”.

Chirac repetiu seu apelo pela criação de uma organização ambiental mundial que centralizaria cerca de 500 acordos internacionais sobre meio ambiente e 18 organismos e departamentos mundiais que tratam da questão ambiental. “O sistema não é eficiente; é fragmentado”, disse Chirac. “Precisamos ter uma UNOE (uma organização ambiental das Nações Unidas) que seria, de alguma maneira, a consciência ambiental do mundo, capaz de ações coordenadas”. Segundo ele, tal organização teria o poder de sancionar países-membros e poderia ter como modelo a Organização Mundial de Saúde.

Críticos de Chirac dizem que, apesar da sua retórica ambientalista, seu histórico como presidente não tem nada de ‘verde’. Chirac enfureceu ambientalistas quando conduziu testes nucleares em um atol do Pacífico alguns meses após assumir o cargo em 1995. Tem sido um leal aliado dos fazendeiros franceses e do setor altamente poluidor, bloqueando várias reformas propostas ao redor da Europa. Mais recentemente, Bruxelas rejeitou o Plano Nacional de Alocação francês devido à quantidade de créditos generosa demais.

Chirac citou medidas conservacionistas que foram implementadas no Palácio Élysée. Trinta por cento da frota de veículos presidenciais atualmente é movida a biocombustíveis, disse ele, e seu departamento reduziu o consumo de papel ao utilizar ambos os lados. Lâmpadas regulares foram substituídas por outras mais eficientes. “Elas funcionam muito bem”, avalia.

Desistiu de condenar uma proposta do candidato socialista à presidência, Ségolène Royal, de reduzir a dependência francesa da energia nuclear para eletricidade, equivalente a mais de 80% atualmente. Mas ele estava teimando que a energia nuclear é um elemento chave na luta contra o aquecimento global.
(Traduzido por Fernanda Muller, CarbonoBrasil , 02/02/2007)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=17554&iTipo=7&idioma=1

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